Val Kilmer e Tom Cruise: reencontro com direito a homenagem emocionante. Foto / Divulgação

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Poucos dias atrás, fui ao cinema assistir pela segunda vez “Top Gun – Maverick”. Sem julgamento, por favor, rs. Já passei dos 50 anos e gosto de abraçar boas nostalgias. Na medida certa, podem ser revigorantes essas pequenas viagens aos nossos “eus” do passado.

Lá em 1986, o sorriso irreverente de Tom Cruise, em “Ases Indomáveis”, tirava o fôlego não só da mocinha, Charlie, a instrutora das equipes Top Gun. O sucesso do filme, atualmente, é prova disso. As meninas suspiravam pelos astros e a rapaziada pelo ronco dos motores potentes dos aviões. Eu, confesso, suspirava pelos dois motivos. Sempre fui apaixonada por aviação.

Com os 60 anos batendo à porta, Cruise tirou da gaveta a continuidade do filme. Como muitos homens, seu personagem, Maverick, não amadureceu nadinha em quase 40 anos. Seguiu firme em sua rebeldia, fiel apenas à sua natureza de macho alpha com topete para desafiar limites. Só as pálpebras pesadas e os pés de galinha registram a passagem do tempo. Na vida amorosa do personagem, a fila andou. Nessa história, ele retoma uma paquera antiga com a filha de um almirante.

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Eu curti o filme sem pensar em muita coisa a primeira vez que assisti. Por mais que filmes como Avatar e toda sua tecnologia sejam bons, é bom demais ver gente de verdade atuando, pra variar.

E é esse o ponto. Assistir gente de carne, osso e histórias emocionantes. Nessa segunda vez que fui ver Top Gun, me concentrei mais na participação de outro ator de quem sou fã; Val Kilmer. E aqui, pausa para alerta de spoiler. Caso você ainda não tenha assistido, pense bem se deseja continuar a leitura.

O personagem Iceman, do primeiro filme, agora é almirante e, em nome dos laços de amizade e confiança que forjaram nos tempos de juventude, em combate, ele dá cobertura às estripulias de Maverick. Não de forma irresponsável, mas porque acredita no amigo e o entende. Mas Iceman luta contra um câncer na garganta.

E Val aparece no filme expondo toda a fragilidade que o mesmo tipo de câncer, enfrentado por ele na vida real, lhe impôs. Desde 2015, ele está em tratamento e foi submetido a uma traqueostomia que o impede de falar normalmente.

Nas cenas em que Iceman interage com Maverick, um computador é usado para que ele escreva. Nas poucas frases em que fala, sua voz foi recriada por inteligência artificial.

Se você também é fã de Val Kilmer, talvez concorde comigo que a voz do ator era uma de suas características mais marcantes. Fosse nos sussurros românticos no filme “O Santo” (1997), ou interpretando as canções de Jim Morrison, em “The Doors” (1991).

A certa altura do filme, o Almirante Tom Kazanski, o Iceman, morre. A cerimônia de despedida, com as homenagens militares e o voo rasante de caças sobre o cemitério, é tocante. Dá vontade de chorar junto com Maverick por sabermos que a despedida de Val Kilmer da telona é real.

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Sabe aquela frase que diz “passou um filme na minha cabeça”? Pois passaram vários. “Invasor de Mentes”, “A Sombra e a Escuridão”, “Batman Eternamente”. Embora existam controvérsias, Batman é um dos meus preferidos, com ele. Gosto de filmes de super-heróis, fazer o quê?

Fico imaginando, então, o filme que passou na cabeça de Val Kilmer quando atuava. É preciso uma boa dose de desprendimento, coragem e aceitação do destino para encenar a própria morte, real e simbólica. Dar a missão por cumprida. Dizer adeus, sorrindo. É importante também, ou até essencial, o apoio de um ombro amigo que respeite e admire a nossa história de vida. As cenas dos dois nos trazem tudo isso.

“Top Gun – Maverick” é mais que uma relaxante viagem às boas histórias contadas no cinema dos anos 80. É uma oportunidade de ver –e refletir sobre– pessoas que conversam, brincam, brigam, fazem as pazes e cuidam umas das outras.

Sim, o filme também tem toda aquela superioridade norte-americana e suas missões para salvar o mundo, mas nada é perfeito, não é? Então por aqui, hoje, deu vontade só de falar de nostalgia e boas amizades. É bom se apegar às coisas boas, pra variar.

 

> Maria D’Arc é jornalista (MTb nº 23.310) há 28 anos, pós-graduada em Comunicação Empresarial. Mora na região sudeste de São José dos Campos. É autora do blog recortesurbanos.com.br.

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