Gabriel adestrando Tom, um SRD de 9 meses. Foto / Maria D’Arc Hoyer

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Ter um cachorro pode ser o sonho de muitas pessoas. O problema é quando esse sonho se realiza e a pessoa, em pouco tempo, percebe que ele se transformou num verdadeiro pesadelo.

O cachorro não obedece. Faz sujeira em todos os cômodos da casa. Morde os móveis, tapetes e chinelos e parece que já vem com um dispositivo interno que se recusa a entender o significado da palavra não.

Nem todas as pessoas têm a paciência necessária para ensinar esses danadinhos a serem mais calmos e obedientes. Alguns filhotes melhoram um pouco com o passar do tempo, mas outros parecem que ficam ainda piores e começam a querer medir forças com os seus tutores para ver quem manda mais.

Para esses casos o melhor caminho é o adestramento, algo que se tornou um grande aliado na construção de um relacionamento melhor entre o tutor e o seu cão.

E quando a gente pensa em adestramento vem logo na cabeça a ideia de que só cachorros grandes, e que têm fama de maus –tipo pastor alemão, pitbull, rottweiler– é que precisam desse treinamento. E é aí é que mora o preconceito e onde muita gente se engana. Os baixinhos e fofinhos também sabem deixar seus tutores doidos. Na verdade, o adestramento vale para todas as raças, tamanhos e idades.

Essa tal ansiedade…

Em conversa com o adestrador e estudante de Veterinária Gabriel Marcos Dias, 22 anos, de São José dos Campos, que trabalha com isso há quase dois anos, a ansiedade nos cães é um dos principais fatores que levam os tutores a procurarem ajuda.

A ansiedade faz com que o cachorro se comporte sempre no modo turbo acelerado. Puxa a guia durante o passeio, sobe ou pula nas visitas, não consegue controlar a alegria em ver os donos ou, ao contrário, não consegue se separar deles.

Existem ainda outras situações que levam uma pessoa a procurar os serviços de um adestrador, como, por exemplo, querer que o cachorro aprenda a fazer as necessidades no local certo, respeitar os limites do portão, parar de avançar em outros cães, aprender os comandos básicos da obediência ou até mesmo parar de correr atrás das galinhas e comer ovos.

Mas para Gabriel, “adestramento não é só para a pessoa ter um cachorro que sabe deitar e rolar. Adestramento é melhorar a qualidade de vida do animal e a relação que a pessoa tem com o seu amigo”.

E não importa a idade do animal quanto se trata de adestrar, garante Gabriel, que já trabalhou desde com um filhote de 45 dias até animais com mais de 10 anos de idade.

Já a quantidade de aulas depende não só do potencial do cão, mas principalmente do quanto a família está empenhada em se dedicar nesse treinamento. Isso porque nem tudo fica nas mãos do adestrador. “Se a família não continuar dando os comandos e fazendo os exercícios necessários, dificilmente o animal continuará adestrado por muito tempo”, lembra Gabriel.

As técnicas mais usadas pelos adestradores são as de recompensa –com petiscos, carinho e elogios– e a do reforço negativo, que consiste em fazer sons com a boca, usar apito, dar toques ou puxar a coleira.

Fuja do adestrador que xinga, grita e bate no animal caso ele não cumpra as tarefas pedidas. Até porque, já foi comprovado que esse tipo de técnica estressa o animal e pode até mesmo causar traumas.  Pois é, até os cachorros sabem que aprender no amor é muito melhor que na dor.

Mas quanto custa adquirir essa paz entre o tutor e seu animal? Pode apostar que esse já foi um serviço bem mais elitizado. Hoje, já se pode ter acesso a um adestrador a partir de R$ 400 o pacote com 8 aulas. E esse valor pode subir até R$ 800.

E durante essa pandemia, com todos trabalhando dentro de casa, a união entre os animais e seus tutores ficou mais intensa, o que tem levado muitas pessoas a requisitar os serviços dos adestradores no sentido de trabalhar a separação.

Tanto os cachorros como os seus donos estão sofrendo para voltar ao normal. O tutor, por sair de casa e deixar seu bichinho sozinho, e o animalzinho, por ficar longe de seu dono depois de tanto tempo juntos.

Uma dica é comprar, ou você mesmo fazer, um brinquedo que chame a atenção do seu cãozinho. Você pode colocar alguns grãos de ração dentro de uma garrafa pet com pequenos buracos, de modo que quando ele for brincar a ração vai caindo aos poucos e deixando ele ocupado por um bom tempo.

Enfim, se o seu sonho se tornou um pesadelo, agora você já sabe que existe remédio pra isso.

 

> Edna Petri é jornalista (MTb nº 13.654) há 39 anos e pós-graduada em Comunicação e Marketing. Mora na Vila Ema há 20 anos, ama os animais e adora falar sobre eles.