Foto / circuitodoouro.tur.br/Reprodução

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Mesmo sem ser católica praticante, minha família, principalmente minha mãe, tem uma ligação especial com Santo Antônio. Quando eu era criança, as janelas do apartamento onde morávamos, no Rio de Janeiro, no bairro Grajaú, ficavam de frente para um pequeno morro onde se erguia no topo uma capela que, em junho, era toda iluminada, em homenagem a Santo Antônio.

Quando nos mudamos para Campinas, eu já era adolescente. Nossa casa na Vila Marieta ficava bem atrás de uma enorme construção de cúpula azul, a Igreja de Santo Antônio. Então, para minha mãe, quando, há 30 anos, foi morar em Caraguatatuba, cujo padroeiro é Santo Antônio, não foi nenhuma surpresa ter o santo por perto.

Tanto no Rio de Janeiro quanto em Campinas e também em Caraguatatuba, Dona Sônia nunca perdeu a oportunidade de participar dos festejos ao santo: quermesses, distribuição de pãezinhos, casamentos coletivos (esses são curiosíssimos). Nas missas do santo, ela marca presença. Só não vi minha mãe acompanhando procissão!

A figura de Santo Antônio em Caraguá é muito forte e presente, até porque registros históricos mostram que até 20 de abril de 1857, data em que foi elevada a município, a cidade era chamada de Vila de Santo Antônio de Caraguatatuba. Só então passou a ser denominada simplesmente Caraguatatuba.

O padroeiro também empresta seu nome ao morro de 325 metros de altura que forma um belíssimo cenário em conjunto com a enseada. O morro do Santo Antônio oferece não só aventura radical do voo livre, mas também uma boa alternativa para gastar calorias subindo a pé. Há também os que sobem só para amarrar uma fitinha no varal de pedidos ao santo casamenteiro.

Se casamento, aventura ou boa forma não forem os objetivos, ainda assim vale a subida ao famoso ponto turístico, pois a vista de lá de cima é deslumbrante. Mas é bom checar no site da Prefeitura se o acesso de veículos está sofrendo algum tipo de restrição devido à pandemia.

Dia 13 está chegando e vamos ver como faremos para que a data do padroeiro não passe em branco e que ninguém corra risco de aumentar a absurda estatística de contaminação e morte por covid-19.

Minha mãe, mesmo vacinada, já está conformada em deixar as homenagens para um ano mais tranquilo, menos perigoso. Ela sabe bem que pedir proteção ao santo não é o que funciona. Temos que fazer a nossa parte.

 

> Márcia Regina de Paula é jornalista (MTb nº 20.450/SP) há 37 anos. Mora em Caraguatatuba há quatro anos, depois de ter vivido por 28 anos em São José dos Campos.