Foto / Agência Brasil

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Brasil supera a marca de 365 mil mortes por covid-19. É como se metade da população de São José dos Campos tivesse desaparecido. Números tristes para dias duros, difíceis.

O grande desafio da administração pública é equacionar as áreas da saúde e economia. Como bem disse o ministro Paulo Guedes, “sem saúde, não há economia”. E não há mesmo. Não há produção, não há consumo.

Mas nós brazucas temos particularidades bem diferentes do restante do mundo. Somos a terra do samba, do futebol, da praia lotada, do churrasco no fim de semana.

Tudo isso é lindo e maravilhoso, mas esquecemos facilmente que estamos diante de um problemaço e simplesmente estamos banalizando a contagem.

Talvez pela repetição das manchetes, pelo “saco cheio” por ter que ficar mais em casa, por não querer mais ouvir falar em pandemia ou por motivação política, que descumprem as regras e os protocolos mínimos de proteção.

Não podemos concordar com a ideia de convivência com esse vírus, mesmo sabendo se tratar de uma possibilidade bem real. E se torna necessário o exemplo, principalmente da classe política.

Por trás de cada 365 mil pessoas havia uma vida, uma história. Não são mera estatística, números frios.

Isso nos faz pensar na história que acaba sempre se repetindo. O ditador soviético Josef Stalin disse certa vez que “uma morte é uma tragédia; um milhão de mortes é uma estatística”.

De fato, Stalin entendia como ninguém em como transformar vidas em estatísticas.

Admitir um milhão de mortes como simples números é ignorar a individualidade de cada óbito. Cada morte é uma tragédia, pois representa a ausência de avós e pais, netos e filhos, maridos e esposas etc.

É “incompreensível” que esse número seja “compreendido” pelas lideranças nacionais como mera estatística. Mortos não são problemas apenas para coveiros.

Assim como não se pode responsabilizar os governos estaduais pelas medidas de restrição. Seria como culpar o carteiro pelas más notícias. Exemplo: é disso que precisamos.

 

> Isnar Teles é jornalista (MTb nº 22.533) há 34 anos. É editor do SuperBairro. Mora na Vila Adyana.