Foto / Federico Espiño/Pixabay

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Dia desses estava passeando com meu cachorro e sem perceber fiquei atrás de um poste –aproveitando uma sombra– e de onde ele não conseguia me ver. Acho que não passou nem um minuto, mas, de repente, vi o desespero nos olhos dele me procurando, não sabia para onde ir, o que fazer.

Imediatamente fui em sua direção, peguei no colo, fiz carinho, mas confesso que aquilo me tocou profundamente e eu não pude deixar de pensar em todos os cachorros e gatos que simplesmente são descartados por seus tutores como se fossem lixo.

Acho que se um cachorro ou gato que acabasse de ser abandonado adquirisse o dom da fala ele provavelmente perguntaria: “Por que você me deixou aqui sozinho? O que foi que eu fiz?”. E até nisso eles nos dão uma lição de amor e perdão. Porque, no que dependesse de mim, eu desfiaria uma série de palavrões acompanhados de gestos obscenos, sendo eu um animal racional.

Isso sem falar nos cachorros que não saem do lugar onde foram abandonados, na esperança de que seu dono volte para acabar com aquela brincadeira sem graça. E tem alguns gatos que andam quilômetros e quilômetros para retornarem ao lar, onde não são desejados.

Infelizmente, ainda é grande o número de animais abandonados em nosso país. Alguns são descartados velhinhos, cegos, doentes. As ONGs que cuidam de animais abandonados sofrem com essas atitudes desumanas e estão superlotadas, gritando por ajuda (com certeza, assunto para uma próxima coluna).

O ato de adotar ou comprar um animalzinho –seja cachorro, gato, ratinho, peixinho– vai muito além de achar ele fofo e engraçadinho. É um compromisso que envolve amor, respeito, tempo e dinheiro. As despesas vão vir imediatamente, seja com a ração de todos os dias, as vacinas anuais, a castração ou mesmo uma passada, de vez em quando, pelo veterinário. Hoje, a Prefeitura de São José dos Campos tem mutirão de castração e oferece, gratuitamente, a vacina contra a raiva. Mas eles precisam de outras vacinas que são pagas.

E no quesito tempo, temos que lembrar que eles não vêm com botão de liga e desliga. Tipo, hoje eu vou cuidar do meu pet, amanhã eu desligo porque não estou com tempo.  Eles necessitam da nossa atenção todo santo dia, seja para brincar, passear, fazer carinho, cuidar…

Abandonar animais, maltratá-los, é crime previsto na Lei Federal 9.605/98, conhecida como Lei dos Crimes Ambientais,  que em 2020 recebeu um reforço com a Lei Sansão, aumentando as penas mínima e máxima para entre dois e cinco anos. E graças à internet, estamos vendo cada vez mais pessoas sendo punidas por esses crimes, pois estão sendo denunciadas, o que, de certa forma, acaba intimidando aqueles que pensam em cometer esse descalabro.

Mesmo assim ainda tem muita gente sem entender que aquele ser tem vida e que essa vida, a partir do momento que entrou na sua casa, é de sua total responsabilidade. Eles não são coisas e muito menos lixo, para serem descartados. Tampouco devem servir de presente para crianças pequenas, porque também não são brinquedos que, quando a criança cansa de brincar, joga longe ou não dá mais atenção.

Não precisa ser muito inteligente para entender que os animais estão para nós no intuito de nos transformarem em pessoas melhores. E quem se permite ter um bicho de estimação e abraçar tudo o que vem com ele, sabe muito bem do que estou falando.

Já foi comprovado que eles podem tirar uma pessoa da depressão, ajudar nas crises de ansiedade e pânico, fazer companhia nos momentos de solidão e, em troca de tudo isso, só querem aquela passadinha de mão na cabeça para se sentirem parte do seu mundo.

E para finalizar, quero dar três vivas para a Holanda, um país que graças a um programa de políticas públicas se tornou o primeiro no mundo a não ter cachorros de rua, provando que isso é possível. Viva! Viva! Viva!

 

> Edna Petri é jornalista (MTb nº 13.654) há 39 anos e pós-graduada em Comunicação e Marketing. Mora na Vila Ema há 20 anos, ama os animais e adora falar sobre eles.