Uma família muito feliz. Foto / Facebook/Reprodução

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

E se você estivesse voltando do trabalho, tarde da noite, e desse de cara com um galo andando todo atrapalhado, próximo de um despacho de umbanda, o que você faria?

Alternativa A: Passaria reto, na carreira.

Alternativa B: Fingiria que não viu nada.

Alternativa C: Faria o sinal da cruz e sairia rezando.

Alternativa D: Nenhuma das anteriores.

Você eu não sei, mas a gaúcha Rosangela Barros escolheu exatamente a alternativa D, seguiu na direção do despacho para socorrer o pobre animal.

O que ela não imaginava é que o galo estava cheio de cachaça e, assim que percebeu a intenção dela, corria de um lado para o outro, dando vários “olés” na coitada, cheia das boas intenções. Quando Rosangela já estava pensando em desistir, teve a ideia de tirar a sua jaqueta e jogar em cima do galo para apanhá-lo.

A armadilha deu certo. Rosangela conseguiu pegar o galo –que fedia a pinga–, mas acabou arrumando um outro problema para a cabeça: o que fazer com a ave, já que na sua casa moram muitos gatos e cachorros? Cansada do trabalho diário e da luta que foi para pegar o galo, a boa samaritana resolveu trancá-lo no banheiro e decidir no dia seguinte o que fazer com ele.

O dia seguinte, porém, começava bem cedinho para Rosangela e, com um monte de coisas a serem feitas antes de seguir para o seu primeiro emprego –ela trabalha como doméstica na parte da manhã e como atendente numa casa de ração na parte da tarde–, o jeito foi deixar o galo continuar trancado dentro do banheiro, para só depois, com tempo, tentar apresentá-lo aos demais moradores, no caso, cachorrinhos e gatinhos nas mais variadas cores e nos mais variados tamanhos.

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Que turma…

Naquele mesmo dia, quando Rosangela chegou em casa, percebeu que algo não estava certo. Tinha bosta do galo para todos os lados e, quando chegou próximo ao banheiro, viu que a porta estava aberta. Sem saber se foram os gatos ou os cachorros que abriram a porta para o mais novo integrante da família, só restava saber se ele estava vivo.  Na verdade, não só estava bem vivo como já tinha se enturmado com todos e comido a ração dos animais, o que muito provavelmente lhe causou a diarreia.

Conformada com o fato de que a partir daquele momento era também tutora de um galo, Rosangela decidiu –muito sabiamente– batizá-lo de Macumbinha.

Esta turminha está pronta para a Copa. Foto / Facebook/Reprodução

Essa história aconteceu há mais de dois anos e Macumbinha se enturmou tanto com seus “irmãos” que os faz de poleiro, brinca com as casas e arranhadores, gosta de comer milho, pão e arroz. A ração dos gatos e cachorros continua sendo sua comida preferida, mas é também a que causa sérios problemas para a dona da casa. E na hora de dormir, Macumbinha escolheu a cama, junto com os cachorros, gatos e a Rosangela, sua salvadora.

Um cochilo ao lado da mamãe. Foto / Facebook/Reprodução

Quando perguntei se ele costumava cantar, acabei rindo com a resposta da Rosangela: “se ele estiver de bom humor, canta das três da manhã até as seis da tarde, quase de hora em hora; mas de mau humor, Macumbinha canta sem parar até as 20 horas”. E os vizinhos? Perguntei. “Eles acabaram se acostumando e até gostam do galo.” Poxa, ainda bem, hein?

Aliás, Macumbinha e seus “irmãos” vivem desfilando suas belezas no Facebook –em grupos destinados a animais– e posso garantir que possuem centenas de fãs. Rosangela adora fantasiá-los, o que faz as fotos ficarem ainda mais divertidas, principalmente se já considerarmos essa amizade tão improvável entre gatos, cachorros e um galo.

Pois é, vivendo e aprendendo. Macumbinha, que estava quase “fazendo a passagem” quando foi encontrado por Rosangela, saiu de um despacho de macumba para uma vida feliz e com muitos amigos.

Vida essa que parece ter sido aprovada por todos os espíritos envolvidos nessa história, desse e do outro mundo. Até porque, quando o bem é feito parece que uma comunhão de coisas boas acaba acontecendo. Rosangela provou que fazer o bem é, e sempre será, o melhor caminho. E Macumbinha tá aí, firme e forte, como prova dessa atitude.

Adote

 

> Edna Petri é jornalista (MTb nº 13.654) há 39 anos e pós-graduada em Comunicação e Marketing. Mora na Vila Ema há 20 anos, ama os animais e adora falar sobre eles.

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