Allan e seus dois gatinhos adotados no mesmo dia; um deles perdeu um olho. Foto / Arquivo pessoal

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Gatinha para adoção. Adulta, castrada e sem o olho esquerdo.

E aí, você adotaria? Você eu não sei, mas o engenheiro Allan Rolli, de 35 anos, não pensou duas vezes quando foi apresentado a Aurora, a gatinha que ganhou o seu coração e que, junto com Zé Pedro –outro gato com pouco mais de um ano, adotado no mesmo dia– reinam absolutos há mais de sete meses na casa de Allan, espantando qualquer rotina imposta pela pandemia.

O fato de Aurora ter perdido um olho não foi problema para o engenheiro, que acredita que esses animais precisam ainda mais de acolhimento.  Allan, inclusive, chama Aurora, carinhosamente pelo apelido de “minha ciclopinha”, e claro que ela atende e vem toda dengosa.

Mas como é adotar um animal já adulto?

Será que ele vai gostar tanto do seu tutor como um outro que vivesse com ele desde filhote? Será que aprende novos truques? Será que se encaixa na rotina da casa, mesmo sendo mais velho?

Sim, sim e sim para a última pergunta também. Adotar um animal adulto tem muitas vantagens, a começar pelo lugar onde fazem as necessidades, já que a maioria já sabe, sem precisar que o tutor fique se desgastando para indicar o local certo. Sem falar também que a convivência é muito mais fácil e tranquila.

Quando a Mel, uma cachorra “vira-latinha”, magrinha e assustada, apareceu na cafeteria da professora Cynthia da Silva, de 36 anos, a única reação que ela teve foi alimentá-la e tentar encontrar o dono. Os dias foram passando, nada do dono aparecer e nada da Melzinha sair da cola da Cynthia, e isso já faz quase quatro anos.

“Ela é um anjo”, se derrete a professora em elogios para a sua melhor amiga. “Adora um carinho, pede para sair quando quer fazer as necessidades, o que não me deixa ser sedentária, pois caminho três vezes ao dia com a Mel. E como moro em prédio sem elevador, sou obrigada a também subir e descer escadas.”

Cynthia e a Mel, “vira-latinha” que chegou de repente, há quatro anos, e foi ficando. Foto / Arquivo pessoal

O que dizer? É o amor.

Na casa da professora de alemão, Juliana Paes, 50 anos, a vira-lata caramelo de nome Paçoca chegou por intermédio de um parente e foi ganhando cada vez mais o amor da família. Alguns anos depois, Jeep, um outro vira-lata, apareceu no bairro e também escolheu a família da Juliana para chamar de sua.

Os dois chegaram já adultos e de vez em quando rola um ciúme entre a Paçoca e o Jeep na disputa pela atenção da Juliana. “Só acho que quando adotamos um animal, seja ele filhote ou adulto, temos que ter consciência do nosso ato e tratá-lo muito bem”, afirmou com propriedade Juliana, que adotou a Paçoca há sete anos, e o Jeep há quatro anos.

A verdade é que esses animais parecem ficar tão agradecidos por terem sido escolhidos –ou acolhidos– que o amor pelo tutor é meio que instantâneo. Aparece como num passe de mágica, num olhar, num carinho…

E se eu já falei aqui sobre o ato desumano de abandonar animais ou maltratar, sobre os perrengues que as ONGs, institutos e protetores anônimos passam para tirar esses animais das ruas e cuidar deles, nada mais justo do que falar sobre essas pessoas que, com seu imenso amor, adotam esses bichinhos sem se importarem com idade, aparência ou se possuem uma raça definida.

Então os três vivas de hoje vão para as pessoas que sabem que não tem cor de pelo, raça ou defeito que os impeça de amar e amar e amar os seus animaizinhos de estimação.

Viva! Viva! Viva!

(Se você está querendo adotar um cachorrinho ou gatinho, entre em contato com as ONGs, Institutos e Protetores da nossa cidade.)

Não compre, adote!

 

> Edna Petri é jornalista (MTb nº 13.654) há 39 anos e pós-graduada em Comunicação e Marketing. Mora na Vila Ema há 20 anos, ama os animais e adora falar sobre eles.