Termômetro de rua na cidade de São Paulo dá ideia da intensidade do calor nos últimos dias. Foto / Paulo Pinto / Agência Brasil

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Com média de 36,9°C, São Paulo teve dia mais quente do ano no domingo; no Rio, às 8h desta segunda-feira a sensação térmica chegou a 52,7°C; entenda por que está tão quente e veja a previsão para os próximos dias

 

DA REDAÇÃO*

A onda de calor atingiu com força o Rio de Janeiro logo cedo nesta segunda-feira (13). De acordo com o Alerta Rio, serviço de meteorologia da prefeitura, a sensação térmica chegou a 52,7°C às 8h da manhã em Guaratiba, na zona oeste da cidade. Essa foi a maior sensação de calor registrada na cidade até as 8h30. A temperatura mais alta no começo da manhã também foi identificada em Guaratiba: 36,4°C às 8h30.

A previsão do Alerta Rio para o restante do dia indicava que o posicionamento de um sistema de alta pressão iria influenciar o tempo na cidade. “O céu estará claro a parcialmente nublado e não há previsão de chuva. Os ventos estarão fracos a moderados e as temperaturas permanecerão estáveis, com mínima de 22°C e máxima de 41°C”, informou.

A onda de calor fez com que a maior temperatura do ano no Rio fosse anotada no domingo (12), que teve 42,5°C às 13h50. O recorde anterior era de 17 de fevereiro, quando os termômetros chegaram a 41,8°C às 15h15. Os dois recordes foram registrados na estação Irajá, na zona norte da cidade. Apesar do recorde de temperatura do domingo, a sensação térmica alcançou 50,5°C, enquanto no dia 17 de fevereiro chegou a 58,3°C.

Para os próximos quatro dias, de acordo com as previsões, em nenhum dia a máxima ficará abaixo de 35°C, podendo chegar a 41°C. A mínima vai variar entre 20°C e 23°C.

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Em SP

A cidade de São Paulo também registrou domingo (12) o dia mais quente de 2023, quando os termômetros marcaram, em média, 36,9°C. De acordo com o Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas (CGE), vinculado à prefeitura, o máximo que o município havia atingido era 36,5°C, no dia 24 de setembro.

Além da temperatura máxima média na cidade, outra medição de destaque é a maior temperatura absoluta do ano, que é a registrada em um único local. Nesse caso, chegou a 38,5°C na Vila Mariana, ultrapassando o pico alcançado também em 24 de setembro deste ano, de 37,5°C, na Mooca e em São Miguel Paulista.

Para terça-feira, a previsão é de céu com poucas nuvens, com mínima de 22°C e máxima de 37°C, umidade mínima de 20% e máxima de 80%, segundo informações do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

Na quarta-feira (15), feriado da Proclamação da República, os paulistanos deverão ter mínima de 26°C e máxima de 36°C, com leve melhora na umidade, que fica em torno de 35% e 85%. Quanto ao tempo, há possibilidade de chuva isolada e céu mais encoberto.

O céu com muitas nuvens e possibilidade de precipitação isolada durante o dia permanecem na quinta-feira (16) e na sexta-feira (17), assim como as temperaturas mínima e máxima, entre 27°C e 38°C. A diferença é que, na quinta-feira, a umidade deve ser um pouco melhor, com máxima de 80%, contra 70% da sexta-feira.

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Entenda o calor

A onda de calor que atinge principalmente o Sudeste e o Centro-Oeste do Brasil chegou em uma época do ano em que, normalmente, a estação chuvosa já está estabelecida e as nuvens funcionam como uma espécie de controle das temperaturas. A ausência dessa defesa, segundo a meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia, Anete Fernandes, potencializa os efeitos do fenômeno climático.

“Quando a gente tem ausência de chuva nesta época do ano, que chamamos de veranico, a ausência de nuvens favorece uma grande incidência de radiação na superfície, que é o que está acontecendo agora. Então, as temperaturas se elevam muito”, explicou.

De acordo com a meteorologista, a configuração de baixas pressões, característica dessa época do ano, está funcionando em grande parte do país. No entanto, em médios níveis da atmosfera, existe uma circulação de alta pressão que impede a formação das nuvens de chuva. “Quando há essa condição de baixa superfície e não tem as nuvens, isso potencializa ainda mais o aquecimento da atmosfera”, analisou.

A onda de calor, segundo ela, tende a persistir por mais tempo no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, oeste de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Centro-Norte do Paraná. Toda essa área tende a permanecer com temperaturas elevadas pelo menos até a próxima sexta-feira.

Na sexta-feira (17), muda um pouco a área atingida, mas grande parte do país, incluindo Rio de Janeiro e Minas Gerais, continuará com a condição de altas temperaturas pelo menos até domingo. “Isso vai manter temperaturas elevadas, no domingo já tivemos temperaturas na ordem de 40°C em vários estados do país, e isso tende a persistir pelo menos até o próximo fim de semana no Rio de Janeiro, Minas Gerais, oeste de São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Tocantins, sul do Piauí, oeste da Bahia, centro-norte do Paraná, Rondônia, sudeste do Amazonas e sul do Pará”, disse, acrescentando que esse fenômeno pode voltar a ocorrer durante a estação chuvosa.

“Se tivermos o veranico que ocorre durante o período chuvoso, teremos temperaturas elevadas, não necessariamente configurando a onda de calor. Como estamos em ano de El Niño, e a irregularidade na estação chuvosa é uma característica [dele], podemos, sim, ter outras ondas de calor. Entretanto, no momento não há perspectiva de uma outra tão cedo”, completou.

Região em vermelho indica a área que está sendo atingida pela onda de calor, com temperaturas mais de 5°C acima da média por mais de cinco dias. Arte / AB

 

*Com informações da Agência Brasil.

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