Foto / TV Globo/Divulgação

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Certa vez, numa das festas da firma, um companheiro de trabalho, muito simpático, acabou ficando na mesma mesa onde eu estava com minha esposa. Ele estava com a namorada, que fez pouca força para ser simpática. Papo vai, papo vem, o sujeito começa a defender o BBB, programa tosco (na minha opinião), com unhas e dentes. Para piorar, ainda tentou dar um “verniz” sociológico, argumentando que o programa é um grande estudo das relações humanas. Quanta bobagem…

Entro neste assunto porque uma nova edição do BBB vai começar e também por ter lido notícias sobre uma polêmica envolvendo o apresentador Tiago Leifert e Ícaro Silva, ator da Globo. Na discussão pelas redes sociais, Leifert defendia o programa, do qual foi apresentador por algumas edições, não aceitando as colocações do ator, que dizia não gostar do BBB etc. etc.

Tiago provocou ao dizer que “provavelmente pagamos o seu salário”, mencionando indiretamente o lucro obtido pelo reality, ao que Ícaro disse que ele mesmo pagava seu salário com seu trabalho, lembrando as dificuldades de um ator negro no Brasil. Inacreditável…

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Esse episódio me lembrou o do início do texto. Uma paixão incontrolável de muita gente por essa aberração que persiste na TV brasileira há 20 anos. No caso de Leifert, paixão e interesse, óbvio.

O BBB é muito rentável, mesmo. Os números são conhecidos. As cotas de patrocínio são vendidas por valores astronômicos. As desta edição foram negociadas com valores entre R$ 11 e R$ 91 milhões (cada!). Faturamento estimado de R$ 600 milhões. A audiência é muito alta e a Globo sabe trabalhar muito bem o produto nas redes sociais. Resultado: o programa é um dos que mais faturam dentro da grade de programação.

Mas daí a dizer que o BBB banca a folha de pagamento da Globo é de uma ingenuidade absurda. Leifert é muito inteligente, perspicaz, ligado em tudo, mas “peralá”. Provocação pura, acompanhada de uma defesa desmedida de um programa que é ruim. Muito ruim.

Pode ser entretenimento para determinado público, não para mim. Temos tantas opções no streaming e na TV paga, temos livros, temos amigos e amigas para conversar, nossas famílias. Ou um bom sono.

 

> Henrique Macedo é jornalista (MTb nº 29.028) e músico. Mora há 40 anos na Vila Ema.

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