Cachorro aferindo a pressão arterial. Foto Mirko Sajkov/Pixabay

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Antigamente a gente ia ao médico, geralmente um clínico geral, e ele examinava tudo, passava os medicamentos e, caso necessário, pedia exames.

Hoje, cada médico cuida de uma parte do nosso corpo e, mesmo que elas estejam bem próximas, não adianta insistir que ele não se mete no assunto.

Lembro que fui a um ortopedista porque estava com problema no joelho direito e disse que também sentia dor no quadril, do mesmo lado. O médico passou rapidamente pelo joelho, pediu vários exames e me encaminhou para um ortopedista especializado em quadril. Eu ri. De raiva, mas ri.

No fundo, no fundo, sabemos que isso é melhor para nós. Afinal, nada como alguém que estudou a fundo determinada parte do corpo humano para saber o que se passa exatamente com ela. E nada melhor também do que os vários exames para dirimir quaisquer dúvidas.

E esse cenário de cuidar por partes do corpo já é realidade no mundo dos pets. Os veterinários se especializaram e só cuidam de determinada parte do corpo do animal.

Por exemplo, se o seu pet está apresentando problema nos olhos, o melhor é levá-lo diretamente a um veterinário Oftalmologista, porque eles são os melhores no assunto. Se foi encontrado algum problema no coração, o Cardiologista dará conta de tudo. E se antes gatos e cachorros faziam apenas uma limpeza nos dentes, hoje existem veterinários especializados em doenças na boca, dentes e gengivas.

Temos ainda Dermatologistas para cuidar dos problemas de pele do animal e os Endocrinologistas, que atendem animais com problemas de metabolismo –o pet gordinho também tem um médico para chamar de seu– ou com problemas em glândulas secretoras de hormônios.

Além de todos esses especialistas, os animais contam ainda com uma infinidade de exames que há bem pouco tempo seria impossível de se imaginar.

Fora os exames laboratoriais, que passam de 50 tipos e são capazes de detectar tudo o que possa estar acontecendo com o animal –o  que dá um excelente suporte ao médico veterinário– existem ainda as radiografias digitais; as ultrassonografias (de abdômen, cérebro, pescoço, olho, entre outras partes); a ecodopplercardiografia, um exame que permite a avaliação em tempo real do coração; a tomografia de várias partes do corpo; ressonância magnética; eletrocardiografia, que avalia a atividade elétrica do coração e até mesmo aferição de pressão arterial, entre tantos outros.

Se por um lado isso tudo ajuda, e muito, a melhorar a qualidade de vida dos nossos pets, e até mesmo a fazer com que eles vivam por mais tempo, por outro, só tem acesso a toda essa tecnologia e a veterinários especializados quem tem dinheiro, porque é tudo muito caro.

E se cada dia mais os animais estão se tornando membros de nossas famílias, seria muito interessante a implantação de hospitais públicos veterinários, com médicos especializados e com exames gratuitos. Até porque todos têm o direito de proporcionar o melhor para o seu animal doente e querer que ele viva por mais tempo. Ou não?

Mas essa é uma realidade da desigualdade que parece ser marca registrada no nosso país.

Enquanto muitos animais sequer foram apresentados a um simples vermífugo, um comprimido que nem custa tão caro e ajuda a eliminar os parasitas, ou passaram perto de um único grão de ração, porque são alimentados com restos de comida, outros podem desfrutar de todos os privilégios elencados acima e ainda ganham festa de aniversário igual de criança (tema para uma próxima coluna).

Concluindo: a ciência é simplesmente maravilhosa e seria surpreendente se ela estivesse à disposição de todos –humanos e animais– seja no todo ou em partes. Quem sabe um dia…

 

> Edna Petri é jornalista (MTb nº 13.654) há 39 anos e pós-graduada em Comunicação e Marketing. Mora na Vila Ema há 20 anos, ama os animais e adora falar sobre eles.