Lidiane é frentista no Posto da Gruta. Foto / Edna Petri

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

O nome dela é Lidiane, uma autêntica vira-lata caramelo. Há mais de seis anos, Lidiane “trabalha” como frentista no Posto da Gruta, em São José dos Campos, com crachá pendurado no pescoço e tudo o mais a que um cachorro tem direito: cama, comida, água fresquinha, cafuné na cabeça e na barriga; e amigos, muitos amigos.

Lidi –como é chamada pelos funcionários do posto– apareceu por lá mendigando comida e uns carinhos. Foi ficando, ficando e acabou sendo adotada pelos funcionários com a total permissão do dono do posto, que tratou de providenciar a castração da cachorrinha e as vacinas necessárias.

A caramelo ganhou uma cama tamanho king com o seu nome escrito nela, vasilhas que estão sempre com ração e água, e em troca de tudo isso ela fica atenta ao que acontece no posto e distribui carinho para todos, funcionários e clientes.

Lidi tem crachá e cama king. Foto / Edna Petri

Perguntei se se eles não tinham medo dela ficar perambulando por entre carros e enormes caminhões que frequentam não só o posto –localizado na beira da Dutra– mas também a lanchonete e o restaurante que ficam no mesmo local, porém me explicaram que ela aprendeu a andar por tudo, escolhendo sempre os caminhos mais seguros.

E me contaram também que ela odeia ficar sozinha. De madrugada, quando o movimento cai, os frentistas costumam ficar mais próximos, conversando, e se eles não puxam a cama dela para perto da rodinha, ela trata de arrastar seus panos para perto deles. Dormir sozinha? De jeito nenhum.

E quando o tempo está muito quente, aquele sol de rachar mamona, Lidiane não esquenta a cabeça –nem o corpinho. De mansinho, ela vai para o escritório do posto, onde tem ar-condicionado, porque ela não é obrigada a nada. E no inverno, Lidi desfila suas roupas de segurança do posto, porque, como disse um dos funcionários, “jamais vamos deixar ela passar frio”. Vai vendo a mordomia da garota.

Agora, deu pra perceber que a dona Lidiane não é chegada a banho e tampouco a tomar remédio. Quando pedi para tirar uma foto dos funcionários junto com ela, a mocinha deu no pé. Eles chamaram, assobiaram, mas ela só foi tomando distância. Eles começaram a rir e me explicaram que ela estava com medo, achando que ia tomar banho ou que iam lhe dar remédio.

Lidi, como quem não quer nada, caminhou até uma família que tinha acabado de estacionar o carro e começou a receber carinho de uma das crianças. De lá ela olhava pra gente como que pensando: dessa vez eu me safei! Espertinha essa moça, viu?

PUBLICIDADE

A moda pegou

Não é de hoje que alguns comércios vêm adotando pets para “trabalhar” nas mais variadas funções: recepcionista, empacotador, segurança ou para o setor de descontração. Na semana passada, fiquei sabendo que o gato Jorginho está há quase três meses trabalhando como empacotador de um supermercado de Porto Velho (Rondônia).

Jorginho, o gato ecologicamente correto. Foto / Facebook/Reprodução

Ainda em período de experiência, Jorginho é a atração do local e preza pela consciência ecológica, já que adora dormir nas bolsas onde ficam as sacolas plásticas e bate na mão de quem se mete a puxar uma das sacolas de lá. Um vídeo, feito por uma cliente, viralizou. Ela tenta pegar a sacola e Jorginho bate na mão dela, como que dizendo: essa aqui não pode, faz mal pra natureza, Márcia!

Já na cidade mexicana de Toluca, o restaurante Rancheros del Sur “contratou” dois vira-latas na função de recepcionistas. Os dois peludos, Costela e Marinada, descobriram o horário que os funcionários tiravam o lixo e começaram a dar plantão. Com dó de ver os cachorros remexendo o lixo, os funcionários passaram a separar a comida e ofertar aos cachorros, que se sentiram em casa, claro!

Não demorou muito para que eles passassem a fazer parte da equipe de trabalho do restaurante. E parece que entenderam perfeitamente o que tinham que fazer, pois começaram a acompanhar os clientes até as mesas e, mais recentemente, aprenderam a pegar o cardápio e oferecer aos clientes do restaurante.

Costela e Marinada, recepcionistas de restaurante. Foto / Facebook/Reprodução

Faz quase dois anos que Costela e Marinada estão trabalhando de recepcionistas. O movimento do restaurante cresceu muito, também em função deles. O dono posta vídeos dos recepcionistas nas redes sociais e muitos vão até o local só pra serem recebidos por essa dupla supereducada e sorridente.

Ao que tudo indica, os pets vão dominar o mundo. E tomara que não demorem muito, porque estamos necessitando desse imenso amor que só eles sabem dar em troca de quase nada.

Adote

 

> Edna Petri é jornalista (MTb nº 13.654) há 39 anos e pós-graduada em Comunicação e Marketing. Mora na Vila Ema há 20 anos, ama os animais e adora falar sobre eles.

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE