Foto / SuperBairro

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

O tal “Dia dos Namorados” sem namorado pouco me deixou triste durante estes meus 49 anos de vida. Das poucas vezes em que “encanei” com isso, de estar sozinha neste dia, busquei pensar: “Gente, são somente 24 horas e daqui a pouco acaba!”

Mas sabemos que não é bem assim! A mídia de todos os lados quer fazer a gente ter alguém neste dia, correr atrás para ter alguém neste dia; ou fazer papel de idiota e comprar algo para oferecer à pessoa que gostamos neste dia. O negócio, no fundo, é um jogo bem mercenário…

Eu conheço gente que já fez isto! O presenteador sabia que a presenteada estava nem aí para ele, mesmo assim, comprou uma aliança de compromisso –são as de prata– e no dia 12 deste mês a moça estava sem ninguém mesmo, nem grana pra umas cervejas, aceitou o convite. Mas deixou claro que era um encontro somente entre amigos! Sem beijos, abraços e nada “daquilo”.

Na hora fatídica, é claro que o meu amigo (o presenteador apaixonado) ajoelhou para dar o presente e fazer convite de namoro! O que você acha que aconteceu? A quase presenteada, riu muito da cara dele, na cara dele, e cada um foi para um canto. Ele com o coração partido e um par de alianças.

Mas por falar em se ajoelhar para alguém… eu também já fiz isso! Só que não foi tão brega porque não foi no Dia dos Namorados.

Foi o relacionamento mais legal e que durou mais tempo em minha vida: quatro anos! Ele é músico, cabeludo e um gato (e há possibilidade de ler esse texto e eu acho que não seria interessante… mas vamos lá…).

Eu sou briguenta. Mas aos 28 anos eu era muito mais! Porque era mais intensa em tudo, né… então ele, que mora em outra cidade, estava aqui em São José, em uma de suas visitas… nem preciso dizer a minha felicidade! Só que, como eu sempre fui de namorar pouco, também pouco li ou me interessei sobre relacionamentos entre casais. Guardava na manga os conselhos de uma amiga louquinha da “Silva”.

Ela me dizia: “Vana, se você precisar ir até o fundo do poço da humilhação, vá! Daí você sai de lá arrebentada, mas segue sua vida em paz. Foi o que fiz! Sentamos na praça do Maringá –praça Pedro Américo– para namorar, é claro. De repente começa a discussão!

No que deu, você pode imaginar: eu ajoelhada, falando alto e pedindo perdão para ele. Ele ficou morrendo de vergonha, me fez levantar e… fez que aceitava o pedido de perdão porque não sabia onde estava; não conhecia bem a cidade.

Depois deste “mico” que paguei no Maringá, o tempo passou e continuamos por ainda cerca de uns dois anos. Valeu “pagar humilhação” e pronto!

Preferia, hoje em dia, ter relações assim intensas, mas com objetivos em comum; com disposição de passar pelos altos e baixos juntos, do que esta geração “Amor Líquido”, frágil, medrosa, superficial.

Com quase meio século, briguenta e ainda vivendo nestes tempos em que os laços humanos são facilmente desfeitos ou nem se iniciam, só por Deus que eu passarei um Dia dos Namorados namorando daqui para frente…

Vou fazer sopa de mandioca e mandioquinha e assistir a um filme sem ninguém para me irritar ou interromper!

E para os casaizinhos… hum… aproveitem! É bom também. É bom demais!

 

> Vana Allas é jornalista (MTb nº 26.615), licenciada em Letras (Língua Portuguesa) e pós-graduada em Filosofia da Comunicação. É autora do livro “Vale, Violões e Violas – Uma fotografia do Vale do Paraíba”. Mora na Vila Icaraí.