Julianne Moore é Alice, uma professora brilhante que recebe o diagnóstico de Alzheimer. Foto / Divulgação

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Onde guardamos a chave do que queremos seja eterno em nós? Refiro-me não à pele lisa e firme, à libido em alta, à juventude que o tempo aos poucos vai consumindo… falo, aqui, das lembranças, das declarações de amor ouvidas e ditas, dos estudos e conhecimentos, pessoas, estórias e histórias, dos pensamentos, palavras, tudo aquilo que sempre acreditamos estar seguro num lugar chamado memória.

A segurança de termos tudo guardado é tão grande, que não nos damos conta de que um dia esse cofre pode ser aberto, geneticamente ou não, por uma doença chamada Alzheimer. Numa abordagem visceral do tema, tão arrebatadora quanto sua protagonista, em 2015 os diretores e roteiristas Richard Glatzer e Wash Westmoreland (“A Última Aventura de Robin Hood”, “Meus 15 Anos”) nos trouxeram “Para Sempre Alice” (Still Alice).

Aos 50 anos de idade, a notável professora de linguística Alice Howland (Julianne Moore: “As Horas”, “Longe do Paraíso”) paulatinamente esquece palavras numa palestra, deixa frases incompletas, não reconhece pessoas em reuniões familiares e se perde por ruas do bairro onde mora.

Diagnosticada com Alzheimer, algumas de suas relações familiares se fortalecem e outras se fragilizam. Em 101 minutos acompanhamos de perto o desmoronamento da memória de Alice, a mudança de seu até então perfeito casamento com John (Alec Baldwin: “Um Homem Entre Gigantes”, “Simplesmente Complicado”), a preocupação dos pais com os filhos –aqui incluída a possível herança genética da doença– e as diferentes reações destes diante da doença da mãe.

Tudo coroado pela brilhante interpretação de Julianne, que fez por merecer o Oscar de melhor atriz em 2015. Este é um filme imperdível! Disponível no Telecine e Globoplay.

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MUCIZE

Dispa-se de preconceitos e abra a sua mente para fazer uma imersão na cultura turca dos anos 60. Permita-se trazer à tona sua emoção e conheça a história de superação em que foi baseado “Mucize”: a relação de Aziz –que possui marcante deficiência física– com o perseverante professor Mahir Ögretmen (Fikret Kuskan).

O ator Mert Turak comove desde as aparições iniciais do personagem Aziz, concebendo fielmente as dificuldades motoras enfrentadas para se locomover, a baba constante, seu esforço para se comunicar e a alegria desmedida ao ser entendido.

O interesse de Mahir por Aziz é despertado desde sua chegada para lecionar naquele longínquo vilarejo incrustado nas montanhas do leste da Turquia, passa pela repreensão ao bullying das crianças e surpreende a todos os moradores ao acolhê-lo em sala de aula, onde o rapaz se utiliza de desenhos para se comunicar, já que sua fala não é inteligível.

Lançado em 2015, o filme está disponível na Netflix e esta bela história tem continuidade em “Milagres do Amor” (2019), do mesmo diretor e roteirista Mahsun Kirmizigül.

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> Séries

MODERN LOVE (AMOR MODERNO)

O streaming Amazon Prime se uniu ao The New York Times para produzir essa série que leva o nome de uma coluna do jornal. A cada episódio uma nova história com atores diferentes que, ao final da primeira temporada, cruzam por ruas e bairros de Nova Iorque, cenários de “Amor Moderno”, como se os fatos estivessem entrelaçados.

Casais jovens descobrindo o amor, maduros reaprendendo a amar, separações, ajustes, inconfidências, perdas, uniões improváveis, pares que se encontram e desencontram, assim é a série inspirada em histórias de vida novaiorquinas publicadas na coluna “Modern Love” do jornal The New York Times.

Personagens bem construídos, temas sensíveis e diálogos interessantes interpretados por Anne Hathaway, Dev Patel, Tina Fey, Catherine Keener, Andy Garcia, John Slattery, Minnie Driver, Tom Burke, entre outros.

Dica para quem não é assinante: há algumas ofertas circulando por aí, com 30 dias de degustação gratuita da Amazon Prime, uma ótima oportunidade para maratonar essa e outras boas séries em exibição.

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MAD MEN

O trabalho dos publicitários e suas agências nos anos 60, devidamente frisado pelo racismo, cultura machista e preconceituosa da época: esse é o fio condutor da aplaudida série. Os episódios das sete temporadas circulam, direta ou indiretamente, ao redor do circunspecto protagonista Don Draper (Jon Hamm: “Lucy in the Sky”, “Beirute”), profissional criativo e de passado enigmático, que brilha como diretor da agência Sterling Cooper, localizada numa famosa avenida em Nova Iorque.

Adentramos ao mundo da criação, participamos da rivalidade comercial, nos incomodamos com o uso excessivo de bebida alcoólica e cigarros, nos revoltamos com a aversão dos diretores à admissão de pessoas negras e a homofobia dentro das agências.

Considerada uma lição de marketing, “Mad Men” captura nossa atenção nas cenas de apresentação de campanhas para grandes marcas, tudo seguindo em paralelo à vida pessoal dos publicitários e equipe, como Peggy Olson (Elisabeth Moss:  protagonista na série “The Handmaid’s Tale”) e Joan Harris (Christina Hendricks: série “Good Girls”), que começam na empresa como secretárias e depois de vários anos alçam postos de destaque.

Uma série muito interessante, afinal, passadas seis décadas, ainda hoje os bons anúncios vendem produtos! Disponível na Globoplay e Amazon Prime.

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> Tila Pinski é jornalista (MTb 13.418/SP), atua como redatora e revisora de textos, coordenadora editorial e roteirista. Cinéfila, reside há nove anos na Vila Ema.