Dona Mércia: segredos do bolinho do São Dimas finalmente revelados. Foto / Ana Lúcia Zombardi

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Além da iguaria vendida tradicionalmente nas festas juninas do São Dimas, dona Mércia ensina outras receitas deliciosas

 

ANA LÚCIA ZOMBARDI

Especial para o SuperBairro

É inverno. Tempo de celebrar Santo Antônio, São Pedro e São João! Uma das épocas mais animadas e gostosas do ano estaria no auge. Mas, ao redor da paróquia, só silêncio. Sem barraquinhas, sem o burburinho da quermesse, sem os cheiros e sabores dos quitutes juninos.

Até bate aquela saudade da fila quilométrica que se formava na Praça do São Dimas (Praça Monsenhor Ascânio Brandão), na região central, para abastecer a família com o famoso e delicioso bolinho caipira.

Durante todo o mês de junho, muitas vezes se estendendo para outros meses, dona Mércia Reis Machado, moradora no Jardim São Dimas e membro da paróquia, tinha um compromisso semanal. Responsável pela receita, de quinta a domingo, ela abastecia a barraca do bolinho, o quitute mais disputado da região.

Bons tempos: sem pandemia, mutirão de preparo do bolinho na festa da paróquia. Foto / Ana Lúcia Zombardi

Mutirão

O mutirão começava cedo. Dona Mércia era a primeira a chegar para preparar a massa. Farinha de milho, farinha de mandioca, água e sal formam a base daquele bolinho dourado, com uma casquinha crocante e interior cremoso, molhadinho pelo tempero da carne, que a gente teima em morder mesmo sabendo que vai queimar a boca com o vapor que escapa na primeira mordida.

A produção era enorme e contava com muita gente para literalmente colocar a mão na massa. Um exército se formava para rechear as bolinhas e enrolar no formato cilíndrico o salgado que virou um dos nossos símbolos gastronômicos.

Eram mais de 5 mil bolinhos fritos por noite, em grandes tachos. Enquanto as mulheres, crianças e idosos enrolavam, os homens comandavam a fritura. Os jovens ficavam no atendimento recolhendo as fichas e entregando os pedidos. Considerando somente os três finais de semana de festas, cerca de 50 mil bolinhos eram consumidos pelos joseenses, só no São Dimas.

Deu vontade? Pois bem, a receita foi revelada. O melhor bolinho caipira da região e outros quitutes do caderno de receitas da dona Mércia ganharam um endereço… na internet. De tanto as pessoas pedirem, o neto Giulio Machado, que é web designer, criou um site e reuniu as famosas receitas da avó.

São várias receitas de família, salgadas e doces, que agora podem ser preparadas por você. Estão no site www.merciamachado.com.br. E não tem segredo, está tudo explicado, porque, como diz dona Mércia, “o dom que recebemos de Deus deve ser partilhado”.