Professores do Instituto João Cursino na década de 1960. Foto / Arquivo pessoal

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

− Você aí, no fundo, diga o seu nome e de onde veio. Ou para que veio.

O nada alegre professor parecia não simpatizar muito com alunos que iniciavam atrasado o curso Clássico. Eu, quase um mês depois, vindo da Etep, onde tinha gosto apenas pelas matérias de português, história e geografia, portanto claramente inadequado ao curso técnico de nível colegial.

Não estava só nessa, havia o Ivan Simão, filho do conhecido Tuffy Simão, da agência Chevrolet, e outros que aparentemente fugiam do curso Científico, cada qual com sua razão. Para o intolerante professor, no mínimo uns folgados.

Eu respondi −algo tímido− e fiquei esperando alguma coisa desagradável.

Falou o mestre: – O Senhor já está um pouco para trás, seus colegas já fizeram um trabalho de literatura. Tem cinco dias para trazer uma interpretação de no mínimo vinte linhas deste poema de Cecília Meirelles.

Corriam os anos 1960, a escola o bem-afamado Instituto de Educação Cel. João Cursino, de São José dos Campos, naquele prédio velho da Praça Afonso Pena. Tinha terminado o ginásio no Olavo Bilac e agora pensava em fazer Direito. Só não imaginava que logo de cara ia me deparar com o professor Luiz Gonzaga Guimarães Pinheiro, com sua simpatia proverbial.

Juro que pela primeira e única vez na minha vida escolar tive de pedir ajuda aos universitários. No caso, o meu irmão mais velho, que já estava cursando direito. Ele rabiscou alguma coisa e eu apresentei. Foi a chave mágica, o professor gostou da minha tarefa e mais tarde se tornou um amigo e muito importante na minha formação. Não tive outros problemas com o mestre. Pelo contrário, eu me interessava pela matéria e fazia boas provas. Mais tarde trabalhei com ele no Conselho Municipal de Cultura.

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O João Cursino era a escola de excelência na cidade. Ótimos mestres, dos quais guardo muita boa lembrança, a começar da professora de história, a Janú.  Ensinava bem e era muito simpática, assim como o saudoso mestre Simão Chuster, que tornava fácil a matemática. Depois veio o eficiente Carlos. Havia o professor Moacyr, que nos iniciou na filosofia.

O padre Stefano Boemisch, de latim, pessoa bondosa sob a capa de alemão bravo. A professora Zélia, de biologia, me fez gostar da matéria, que dominava e transmitia com perfeição.  O alegre professor Mut, de inglês, que dava amigáveis socos no meu ombro, dizendo: − Hello, Mister Joe! Como não se lembrar do professor José Luiz Warrant Jardim Gomes Braga, simpaticíssimo e amigo, a lecionar problemas brasileiros, iniciando-nos na sociologia.

Na cantina da escola, tinha o Tatau. Inspetores a dona Esmirna, dona Lourdes, o Zebu, o Candinho. Na secretaria, o Ditinho Marcondes. Outros mestres, com quem não tive o prazer de estudar: os professores Palma e Jandira, Custódio, Rimoli, Rotschild, Ramiro, Candelária, Nazaré, Cleide, entre outros.

E não posso me esquecer do diretor José de Madureira Lebrão. E ele quase nos pegou num episódio curioso e safado. Foi quando os alunos da minha classe descobriram que do centro acadêmico, que ficava no porão, debaixo da nossa sala, havia uns buracos no piso de madeira onde se podia observar, escondido, as meninas. Passado o susto da descoberta e quase flagrante, ríamos muito dessa travessura de adolescentes.  Velhos tempos!

 

> José Roberto Fourniol Rebello é formado em direito. Atuou como juiz em comarcas cíveis e criminais em várias comarcas do estado de São Paulo. Nascido em São Paulo, vive em São José dos Campos desde 1964, atualmente no Jardim Esplanada. Participou do movimento cultural nascido no município na década de 60.

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