Nikon-Kodak NC 2000, a primeira câmera digital profissional, lançada em 1991. Foto / Mário Lúcio Sapucahy

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Em julho de 2005 a editoria de cultura do jornal Correio Popular publicou uma matéria que fazia uma reflexão sobre as consequências da introdução da fotografia digital. Complementando a matéria fui convidado a escrever sobre o assunto. Nesse artigo, pela primeira vez utilizei o termo “fotografia química” em contraposição ao termo “fotografia analógica”. Não afirmo que fui o primeiro a usá-lo, afirmo apenas que a ela assim me referi pela primeira vez nesse artigo. Reproduzo aqui um excerto (editado) das ideias daquele artigo.

“A fotografia digital sucede a fotografia química. A componente óptica da fotografia continua inalterada em sua base. Saem de cena o filme, o revelador, o interruptor, o fixador e todo o equipamento de laboratório. Entram em cena os cartões digitais e os editores digitais de fotografia, o atual ‘laboratório’ fotográfico. Essa tecnologia ampliou o alcance da arte fotográfica. Eliminando o custo por disparo, o fotógrafo ganhou liberdade para experimentar.

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Nessa transferência tecnológica, o laboratorista foi a vítima no mercado de trabalho. Sua função passou a ser exercida diretamente pelo fotógrafo, que tem agora o controle total no tratamento da imagem. Assim tem sido em outras áreas nas quais as tecnologias da informática ampliam seus espaços.

Considero também como importante nesse processo de substituição tecnológica a eliminação do arsenal químico. (…) A fotografia digital libera a arte da fotografia desse inconveniente ambiental.”

(Correio Popular, Caderno C, 10 de julho de 2005)

Filme negativo 35mm. Foto / Mário Lúcio Sapucahy

Analogia é a relação de semelhança entre objetos, fatos ou ideias distintas. Quando surgiram os relógios digitais foi necessário identificar a diferença entre o novo relógio digital e o relógio tradicional e essa distinção foi baseada nos mostradores dos dois. O digital mostrava os números e o tradicional mostrava os ponteiros. No relógio tradicional a leitura se faz pela posição dos ponteiros: o das horas realiza um giro completo em 12 horas e o dos minutos um giro em uma hora. Eis aí a analogia entre as horas e a posição do ponteiro no seu movimento de rotação. O termo analógico contaminou muitos outros sistemas tradicionais substituídos na introdução de sistemas digitais.

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Mas o que há de analógico naquela fotografia que tinha o filme como base?

Por não identificar qualquer coisa que justifique o uso do terno “analógica”, prefiro usar “fotografia química” para a fotografia baseada em película fotossensibilizada, banhos químicos de revelação, interrupção e fixação e cópias fotográficas em papel fotossensível, e de novo mais banhos químicos.

Com isso não tenho intenção de mudar a maneira como outros se referem, apenas justificar a maneira como me refiro à velha fotografia tal como era quando iniciei minha carreira nessa técnica e nessa arte.

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NOTAS

Na Galeria Poente

A Galeria Poente inaugura nesta quinta-feira a exposição “O primeiro ano do resto de nossas vidas”, onde 27 artistas apresentam 70 obras entre escultura, fotografia, pintura, aquarela, mosaico, gravura e grafite produzidas durante a pandemia.  A exposição busca exaltar a existência com seus altos e baixos e o fato de que, mesmo com as perdas, precisamos continuar produzindo e lutando pelos nossos sonhos. Vale a pena conferir.

Quando? – Quinta-feira, 25 de novembro, das 15h às 22h

Onde? – Galeria Poente – avenida Anchieta, 1.564 – Jardim Esplanada

Cinema na Vila Ema

Foto / Reprodução

Nesta quinta (25), na Origem Cultural, haverá sessão de Cinema com o filme “Gilda Brasileiro contra o esquecimento”, de Roberto Manhães Reis e Viola Scheuerer. A sessão começa às 19h e contará com a presença de Gilda, a personagem principal desse documentário sobre a escravidão no Litoral Norte. A Origem Cultural fica na rua Jorge Barbosa Moreira, 58 – Vila Ema.

 

> Mário Lúcio Sapucahy é repórter fotográfico, doutor em Geografia e se apaixonou pela fotografia ao ver pela primeira vez uma imagem surgir quimicamente numa bacia de revelação no inverno de 1974.

 

*Atualizado às 20h07 do dia 24/11/2021 para substituição de fotos e inclusão de nota.

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