Foto / Pixabay

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Durante o Carnaval, que já vai tarde, quando o calor era demais, a solução era dar um banho de água fria nos foliões. Isso bastava para prolongar um pouco mais a festa nas ruas. Mas, terminada a farra, de repente o Brasil está pegando fogo e a água não é solução.

Até porque, todo início de ano a água é um problemão em algumas regiões do país. O excesso de chuvas, ventos, raios e trovoadas provoca mortes e prejuízos materiais. Que bom que neste ano, até agora, não tivemos nenhuma tragédia com as dimensões que alcançou a de fevereiro do ano passado, em São Sebastião, provocando 64 mortes e desabrigando centenas de famílias.

Mesmo assim, temos problemas ambientais no varejo, como a morte lamentável de uma mulher de 51 anos em Aparecida, aqui na RMVale, na terça-feira. Ela e o neto de 11 anos foram arrastados pela enxurrada durante uma chuva forte. A avó conseguiu salvar o menino, os dois foram resgatados e levados a um hospital, mas só ele se salvou. A avó heroína não resistiu ao esforço.

Falando em água, ela é uma das causas de outro problema que está assustando a população neste início de ano: a escalada da dengue. Maior volume de chuvas e temperaturas mais altas foram a receita ideal para o mosquito Aedes aegypti multiplicar seus criadouros e provocar uma escalada vertiginosa no número de casos da doença –e de mortes– em comparação com anos anteriores.

Três dicas sobre o mosquito, passadas por autoridades do ramo: 1 – Enquanto o pernilongo tem preferência por atacar entre o final da tarde e o início da noite, o mosquito da dengue tem hábito diurno, do início da manhã até o início da tarde. 2 – Os ataques do Aedes não costumam ultrapassar meio metro de altura, portanto a ordem é proteger principalmente pés e pernas. 3 – O repelente indicado para esse mosquito é o que contém caridina. Apesar de caro (mais de R$ 60) e difícil de encontrar, é a melhor proteção enquanto a vacina não se torna viável.

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Depois da lenha ambiental que está colocando fogo no Brasil da quaresma, temos a lenha eleitoral, já que em outubro iremos escolher prefeitos, vereadores, deputados estaduais, federais e senadores. Todos querem aparecer e, neste jogo, vale absolutamente tudo, inclusive encher a nossa paciência.

De um lado, o STF, alimentado pela Polícia Federal, pisa no acelerador das investigações e enquadramentos dos supostos envolvidos na tentativa de golpe de Estado depois da derrota de Jair Bolsonaro (PL) na eleição de 2022. A ponto de o próprio “capitão” ter um encontro com a frigideira nesta quinta-feira.

Encurralado, Bolsonaro tenta ganhar nas ruas uma espécie de salvo-conduto para se livrar de processos que podem levá-lo à cadeia, assim como muita gente importante, de terno e de farda. Ou seja, espera-se uma enorme fogueira no próximo dia 25, na avenida Paulista, cujas chamas poderão respingar em todo o país, chamuscando eleitores e classe política.

De outro lado, o presidente Lula, que deveria estar quieto fazendo o bom governo que tem feito até agora, resolve se achar um grande líder mundial e se mete a falar abobrinhas sobre questões altamente inflamáveis, como as guerras da Rússia x Ucrânia e, nos últimos dias, de Israel x Hamas.

Resultado: Lula tomou chumbo de tudo o que é lado. De Israel, naturalmente, da parte do radical Netanyahu; dos Estados Unidos, que se consideram “polícia do mundo” e não querem ter coadjuvantes nesse papel; e, é óbvio, da oposição interna, que possui uma estranha bancada evangélica que faz uma inexplicável ligação do Estado de Israel atual com a Israel do Velho Testamento.

Todo esse combustível está se juntando para transformar a política brasileira em um caldeirão fervente até as eleições de outubro. Quanto a nós, cidadãos comuns, cabe esperar que esse espetáculo infernal e de mau gosto não coloque a perder conquistas como o controle da inflação, a queda do desemprego, o crescimento do PIB e outros indicadores que apontam uma tendência de recuperação do país.

É, amigo, a nossa vida está difícil neste início de 2024. Entre tempestades, raios, trovões, mosquitos e uma classe política irresponsável jogando mais lenha na fogueira, estaremos todos fritos.

 

> Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 48 anos. É editor do SuperBairro. Mora na Vila Guaianazes há 23 anos.

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