Foto / Instagram/Reprodução

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

“A vida encontra um meio.” A frase é uma daquelas que aparecem em um filme e ficam para sempre na memória coletiva das pessoas. Viram ditado popular e ganham importância por mais prosaico e óbvio que seja o enunciado. Esta que abre o texto é do filme “Jurassic Park”, o primeiro, lá em 1993.

Mais do que nunca, é algo a se pensar. No filme, entendo que a frase reforça a incapacidade humana de conter a vida. Caso não tenha assistido ainda, a ideia é expressada por Jeff Goldblum, em uma cena no laboratório em que os dinossauros são recriados, quando um cientista explica que os animais criados por eles não podem se reproduzir, pois são todos fêmeas.

Mesmo na natureza, sabemos que isso não está gravado na pedra. Um peixe palhaço, por exemplo, pode se transformar em fêmea se o cardume perder a fêmea que os acompanha. Pois é, vivem em harém e podem mudar de sexo. Você nunca mais vai assistir Nemo com o mesmo olhar, sinto muito.

Mas há vários outros casos na natureza. Quase sempre por necessidade de manutenção da espécie. Em algumas espécies as mudanças de temperatura são determinantes para que a mudança ocorra. Se isso te preocupa, trate de fazer sua parte para ajudar o planeta contra o aquecimento global. Foi ironia essa última frase, ok? Devemos cuidar da preservação do meio ambiente sempre.

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De volta ao ponto, a vida sempre encontra mesmo um caminho, não adianta espernear. Seja planta, bicho, vírus ou humano.

E são maravilhosas as possibilidades que um organismo vivo tem de mudar, adaptar, transformar o que for necessário para gerar mais vida. Se tiver uma ajudinha da ciência então, ninguém segura.

Chegamos, assim, a Claudia Raia. A atriz revelou há poucos dias que está grávida aos 55 anos. E foi além, a gravidez não é fruto de fertilização in vitro, mas foi o resultado inesperado de um tratamento com estrogênio que vinha preparando o corpo dela para a fertilização artificial. Os embriões de laboratório não vingaram, mas o corpo reagiu aos hormônios e ela engravidou. Lindo demais.

A questão é que, por ser pessoa pública, a gravidez virou aquele furdunço de sempre nas redes sociais. Todo mundo mete o bedelho, vira médico, faz críticas, etc. Ai, que cansaço!

Presta atenção, meu povo. Estamos caminhando há muito tempo para resultados assim. As mulheres que, antigamente, aos 50 anos estavam com o pé na cova, hoje estampam capas de revista, correm maratonas, empreendem, casam de novo, viajam sozinhas pelo mundo e, pelo andar da carruagem, podem estar na metade da vida e não no fim.

Por que, então, o corpo feminino –ainda mais um corpo muito bem cuidado por exercícios e alimentação de primeira– não pode estar preservado o bastante para gerar um filho? É melhor a gente se acostumar com essas notícias.

Tem ainda as pessoas que reclamam sobre o fato da atriz estar ganhando dinheiro com a gravidez, por meio de publicidade. E daí? Não é parte da profissão dela fazer publicidade?

Enfim, deixem de lado o útero dos outros. Se você acredita que um filho é sempre um milagre, o milagre da vida, apenas comemore. Não acredita?

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Então, passe batido na notícia e siga em frente. Não precisa passar recibo de inveja. Porque não vejo outro motivo. A mulher está com tudo em cima, casada com um coroa lindão e com dinheiro no banco. Incomoda muito, né não?

Comecei minha implicância com as implicâncias alheias com um chavão de filme e vou encerrar com outro, de um filme –meia boca– que vi no fim de semana, “Amor em Verona”, uma versão piorada de “Cartas para Julieta”. A frase: “O amor encontra um caminho”. Nem vou dar spoiler porque ele está novinho na Netflix e vai que você assiste e gosta? Se gostar, ótimo. A vida é assim mesmo; cada qual com suas escolhas e c’est finite, fim de papo.

Toda sorte do mundo à Claudia Raia e seu bebê. Que venha lindo, saudável e, se possível, de parto normal para fazer surtar de vez os invejosos de plantão.

 

> Maria D’Arc é jornalista (MTb nº 23.310) há 28 anos, pós-graduada em Comunicação Empresarial. Mora na região sudeste de São José dos Campos. É autora do blog recortesurbanos.com.br.

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