Por trás da gentileza: Tom Hanks (à esq.) vive um personagem que não é o que parece. Foto / Divulgação

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Tenho observado o lançamento de um número cada vez maior de filmes de terror, suspense, vingança, violência, direcionados tanto a adultos e jovens, como também a crianças. Respeito os gostos alheios, mas essa não é, definitivamente, a minha “praia”! Esta semana o filme que escolhi para comentar gira em torno de coisas às vezes esquecidas em meio à turbulência das redes sociais: bondade, gentileza e perdão.

Baseado em fatos reais, “Um Lindo Dia na Vizinhança” estreou nos cinemas em 2019 e nos é disponibilizado pela Netflix. Fred Rogers (Tom Hanks: “Elvis”, “Relatos do Mundo”, O Código Da Vinci”, “O Terminal“, “Náufrago”, “Forrest Gump – O Contador de Histórias”, “Filadelfia” [um dos primeiros filmes a abordar a questão jurídica trabalhista do HIV], “Jogos do Poder” e tantos outros bons filmes) criou e era o apresentador do popular programa infantil da década de 1960 na TV norte-americana “Mister Rogers’ Neighborhood”, cujo episódio final foi exibido em 2001.

Mr. Rogers, como era conhecido, esbanjava empatia e usava uma linguagem única para levar ensinamentos às crianças, de modo positivo e inteligente. Lento, sorridente e receptivo, ele procurava trazer à tona o melhor das pessoas; reconhecido por onde passava –por adultos e crianças–, tornou-se um ídolo, símbolo de pureza, compreensão e de bondade.

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O enredo se baseia num artigo da revista “Esquire” sobre Mr. Rogers, cuja editora escolhe o seu melhor e mais ácido jornalista investigativo para entrevistá-lo: Lloyd Vogel (Matthew Rhys: série “The Americans”, “The Post – A Guerra Secreta”, “Pegando Fogo”). Ele é casado com a procuradora Andrea (Susan Kelechi Watson: séries “The Black List”, “This is Us”, “Divorce”), que abandonou a profissão para cuidar do filho recém-nascido; segura e assertiva, ela discorda frontalmente de algumas decisões pessoais e profissionais de Lloyd, como ficar longos períodos longe de casa e do filho para se dedicar ao trabalho.

Inicialmente se sentindo um tanto ridicularizado com a tarefa recebida, conforme as entrevistas se sucedem –no tempo e espaço determinados pelo apresentador– o jornalista se impressiona com o perfil do entrevistado e seus reflexos nas pessoas. Aos poucos, os frequentes encontros com Mr. Rogers mostram a Lloyd aspectos que ele sempre omitiu e trazem à superfície a sua própria história de vida, que inclui uma áspera relação com o pai alcoólatra, Jerry (Chris Cooper: “Adoráveis Mulheres”, “Álbum de Família”, “A Lei da Noite”). Devemos dizer às pessoas que cada uma delas é preciosa. Só essa frase já merece um momento especial com a família… e uma generosa bacia de pipoca!

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Série

“Andropausa”

Os filmes e séries nos permitem viajar para outros lugares e conhecer diferentes culturas, como “Man on Pause” (título original “Andropoz”), uma série turca sobre os efeitos da meia-idade no universo masculino. Yusuf (Engin Günaydin: “O Dilema de Aziz”) é um cinquentão bem casado com Meryem (Derya Karadas: série “8 em Istambul”), cujo sonho é comprar uma casa na praia.

O casal tem dois filhos adolescentes –e é bem interessante conhecer os costumes da família, tão diferentes dos nossos; temendo a chegada da andropausa, Yusuf fica obcecado pela busca da felicidade e, ingênuo, se envolve em boas enrascadas.

Ainda que intercalada de um pretenso drama, os melhores momentos de seus seis episódios são de comédia –às vezes com cenas um tanto exageradas– para abordar de forma leve este tema que aflige muitos homens que chegam à “meia-idade”. Disponível na Netflix.

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Em seis episódios, série mostra turco cinquentão às voltas com a chegada da andropausa. Foto / Divulgação

> Tila Pinski é jornalista (MTb 13.418/SP), redatora e revisora de textos, coordenadora editorial e roteirista. Cinéfila, reside há dez anos na Vila Ema.

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