Região dos três bairros da Vila Ema: fins de semana com arruaças até a madrugada. Foto / SuperBairro

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Perturbação do sossego na madrugada de domingo (17). Vídeo / Redes sociais/Reprodução

Dois últimos fins de semana registram arruaças provocadas por frequentadores da região dos três bares da Vila Ema até as 3h da manhã; Prefeitura responde que estabelecimentos obtiveram decisões judiciais “suspendendo as medidas impostas pela administração municipal”

 

DA REDAÇÃO

Moradores da região dos três bares da Vila Ema vítimas de casos de perturbação do sossego público viveram dias de terror e revolta nos últimos dois finais de semana. Sem nenhum policiamento das chamadas forças de segurança reunidas no programa São José Unida, frequentadores dos bares estão fazendo o que querem até por volta das 3h da madrugada.

Tanto na semana passada quanto nesta, os problemas começaram na quinta-feira e se estenderam até a madrugada de domingo. Agora os abusos estão envolvendo mais os clientes dos bares do que os estabelecimentos, porém não haveria perturbação do sossego caso os bares não funcionassem no local.

A área onde ocorrem as infrações à legislação começa em um trecho da avenida Heitor Villa-Lobos e segue pela rua Tomaz Antonio Gonzaga, ambas na Vila Guaianazes, região da Vila Ema. Lá funcionam os bares noturnos B&B Drinks, Espetinho da Ema e, mais recentemente, Smash Burguer.

Carros e motos

Após o início da noite, frequentadores se concentram nos bares e, principalmente na Tomaz Antonio Gonzaga, carros e motos passam pelo local exibindo escapamentos modificados e caixas de som em alto volume. Aparentemente, os maiores causadores desses problemas são clientes do B&B, que consomem bebidas alcoólicas em copões e se concentram ao longo da rua.

Nestas duas semanas, o intenso barulho provocado propositalmente por frequentadores chegou a avançar até as 3h da manhã, para revolta dos moradores de condomínios e residências das proximidades.

Além disso, no dia seguinte a frente dos bares amanhece em um cenário de “terra arrasada” que se estende à rua José Pedro de Carvalho Filho, em direção ao Jardim Maringá. Centenas de copos, garrafas de vidro e restos dos produtos consumidos ficam jogados ao longo das calçadas e meios-fios até que o serviço de limpeza pública volte a trabalhar após o fim de semana.

Manhã deste domingo (24) em frente ao B&B Drinks: muito lixo deixado pelos frequentadores. Foto / SuperBairro

Sem policiamento

Em nenhum dos dois últimos fins de semana a Guarda Civil Municipal (GCM) e a Polícia Militar estiveram presentes no local, estimulando as transgressões. Até recentemente, as forças de segurança realizavam operações em alguns fins de semana com várias viaturas e balizamento do fluxo de veículos por meio de cones.

Mesmo executando essas operações, a Secretaria de Proteção ao Cidadão, onde o programa São José Unida concentra sua maior estrutura, não divulga os dados sobre multas aplicadas, veículos recolhidos ou infrações cometidas pelos bares do local.

Prefeitura responde

Após a quinta-feira (14) em que foram retomadas as arruaças na região dos três bares, na segunda-feira (18) o SuperBairro fez contato com a secretaria enviando as seguintes perguntas sobre os fatos ocorridos:

A Prefeitura registrou reclamações [nos dias em que a perturbação durou até cerca de 3h da madrugada]? A GCM foi acionada? Tomou (ou não) providências? Quais? Os bares citados vêm cumprindo o acordo que fizeram com a Sepac? Que medidas as forças de segurança podem tomar contra esse tipo de perturbação? Moradores querem saber por que não são feitas ações após chamadas no local e os infratores não são multados.

A Prefeitura respondeu na terça-feira (19) com a seguinte nota:

“A Prefeitura de São José dos Campos informa que no caso específico do complexo de comércios localizado no Vila Ema foram aplicadas rigorosas sanções e restrições de funcionamento, porém os estabelecimentos obtiveram determinação judicial favorável suspendendo as medidas impostas pela administração municipal.

Entretanto, a Prefeitura realiza regularmente ações preventivas em parceria com as Forças de Segurança e o Departamento de Posturas Municipais e Estética Urbana, por meio do Programa São José Unida. Essas operações abrangem todas as regiões da cidade e têm como objetivo coibir o funcionamento irregular de atividades comerciais no período noturno, incluindo adegas, combatendo a perturbação do sossego público e reforçando a sensação de segurança da população.

Somente neste ano, o Departamento de Posturas Municipais e Estética Urbana já realizou 36 interdições de estabelecimentos irregulares. Essas medidas estão amparadas pela Lei 10.822/2023, o novo Código de Fiscalização de Posturas, aprovado em dezembro do ano passado. A legislação trouxe regras mais rígidas e sanções severas para estabelecimentos que causem ou favoreçam irregularidades, além de estabelecer a limitação do horário de funcionamento após as 22h.”

Sem resposta

Na quarta-feira (20), o SuperBairro enviou perguntas complementares à secretaria, já antevendo o cenário deste fim de semana:  A Sepac/GCM/PM Atividade Delegada têm esquema montado para o fim de semana? É de rotina? Como será? Existe previsão de patrulhamento da GCM na região da Vila Ema? Como será?

Até a publicação desta reportagem o SuperBairro não recebeu respostas.

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Moradores revoltados

A reação dos moradores afetados pela perturbação do sossego no local tem sido o registro dos fatos por meio de vídeos publicados em grupos nas redes sociais, além do estímulo ao acionamento por telefone das forças de segurança.

Após mais uma noite de caos, eles voltam às redes para expressar sua revolta contra a ação ineficaz do São José Unida. Na semana passada, por exemplo, uma moradora da rua Justino Cobra fez o seguinte depoimento a pedido do SuperBairro:

“Esta noite [sábado, 16] realmente foi muito ruim. Um som muito alto. Normalmente as pessoas ficam bebendo em frente de casa, estacionam por aqui e de manhã a rua está toda suja com copos de plástico. Sobre o barulho, na minha casa temos uma pessoa idosa que está se recuperando de um AVC. Realmente falta o respeito pelos moradores.”

Desde o final da noite de sábado, esses grupos de moradores estão recebendo dezenas de reclamações. A maioria dos moradores não compreende por que as forças de segurança não conseguem resultados contra os excessos praticados. E também questionam que os pedidos enviados pelos telefones 153 e 190 não são atendidos.

Outro lado

O SuperBairro está aberto aos três bares mencionados, caso desejem se manifestar.

APOIO / SUPERBAIRRO

* Texto atualizado às 7h45 do dia 25/8/25.