Pavilhão com gradil de madeira; substituição está sendo feita com material metálico. Foto / SuperBairro

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Responsável pelos projetos de conservação e restauro do patrimônio arquitetônico do parque explicou ao SuperBairro os critérios utilizados

 

WAGNER MATHEUS

O SuperBairro foi procurado por um de seus seguidores, morador no Jardim Esplanada (região central). Frequentador do Parque Vicentina Aranha, na Vila Adyana, ele enviou ao portal fotos de alguns pavilhões do parque e demonstrou estranheza em relação aos critérios usados nas reformas e restauros mais recentes.

Com base nas dúvidas do seguidor, que preferiu não se identificar, o SuperBairro formulou perguntas e produziu mais fotos, enviando o material para a Afac (Associação para o Fomento da Arte e da Cultura), entidade gestora do parque.

Seguem abaixo as perguntas do SuperBairro e as respostas do arquiteto e urbanista Felipe Ferri, responsável pela área de conservação e restauro da Afac.

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Afac responde

Os gradis originais dos pavilhões são de madeira, mas estão sendo substituídos por gradis metálicos. Isso é correto?

Gradis metálicos no lugar dos originais feitos em madeira. Foto / SuperBairro

O primeiro pavilhão do parque que teve seu guarda-corpo restaurado foi o Pavilhão Alfredo Galvão. O projeto de restauro dessa edificação foi desenvolvido entre 2010 e 2011 por uma empresa contratada antes da gestão da Afac, atual gestora do Vicentina Aranha.

O projeto foi devidamente aprovado pelo Comphac (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Artístico, Paisagístico e Cultural) e pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo).

Onde não havia mais o testemunho físico material original, no caso do guarda-corpo e das portas e janelas, a empresa que desenvolveu o projeto na época adotou o material metálico. Isto é um recurso que se utiliza em restauro quando não se tem a referência original.

Dessa forma, o Pavilhão Alfredo Galvão, por ter sido o primeiro pavilhão completamente restaurado, serviu como referência para a recuperação dos demais prédios.

As estruturas metálicas de acesso (rampas e corrimões) atendem às exigências dos órgãos do patrimônio histórico?

Rampas e corrimões foram acrescentados à estrutura dos pavilhões. Foto / SuperBairro

Sim, elas atendem às normas de acessibilidade, como todo patrimônio tombado deve atender, garantindo acesso universal, aquele em que pessoas com mobilidade reduzida possam acessar espaços pelo mesmo local que as demais pessoas. Foi assim que a posição das rampas foi definida no projeto devidamente aprovado pelos órgãos competentes.

As rampas são de estrutura metálica facilmente removíveis, o que é algo desejável quando se faz uma intervenção mais contemporânea em uma edificação antiga. Ela é apenas apoiada e parafusada, não afetando a integridade da edificação.

Portas e fachadas de madeira também foram trocadas por material metálico. Isso é permitido em um prédio tombado?

Portas e fachadas originais também foram trocadas por material metálico. Foto / SuperBairro

Assim como respondido na primeira pergunta, onde não havia qualquer vestígio dos materiais originais, o projeto do Pavilhão Alfredo Galvão foi seguido como referência para a recuperação das demais edificações. Neste caso, é permitido e os projetos foram aprovados pelo Comphac e Condephaat.

Uma rampa feita de cimento em um dos pavilhões foi retirada nos últimos dias. Por que motivo?

Rampas que haviam sido feitas com cimento foram substituídas, uma delas recentemente. Foto / SuperBairro

As rampas de concreto foram acrescidas aos prédios, ou seja, originalmente elas não existiam. Além disso, foram construídas de forma irregular, sem atender às normas de acessibilidade, com uma inclinação muito elevada e, uma delas, inclusive, nem possuía a largura necessária para a passagem de uma cadeira de rodas.

A quais órgãos de patrimônio histórico a Afac se reporta para definir as intervenções que faz nos prédios tombados? É preciso aguardar autorização deles? Existe vistoria técnica? Essas vistorias têm sido feitas?

A Afac se reporta às duas instâncias de tombamento do antigo sanatório: a municipal e a estadual, representadas, respectivamente, pelo Comphac e pelo Condephaat. Os projetos de restauro precisam ser submetidos à aprovação desses conselhos antes de serem executados e as vistorias são feitas conforme a demanda dos órgãos.

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Como é composta a equipe técnica que define as intervenções nesses prédios?

A Afac possui um setor especializado em arquitetura e restauro. A diretriz adotada para projetos é a intervenção mínima nos prédios, restaurando-os como eram originalmente e alterando apenas o que se refere à acessibilidade e aos banheiros, sempre aprovando previamente com o Comphac e o Condephaat.

Foi iniciada uma reforma recentemente no pavilhão principal. Nele, as portas dos quartos que dão para a varanda e os gradis estão sendo mantidos no padrão original em madeira. Por que nos outros pavilhões não está sendo usado o mesmo critério?

Serviço iniciado recentemente no pavilhão principal. Foto cedida

No pavilhão central, o que está sendo realizada é uma obra emergencial nas coberturas da varanda do acesso principal, sem qualquer intervenção nas portas. As peças estão sendo refeitas em madeira, pois as originais estão nesse espaço com a possibilidade de recuperação. Nesse caso, há o testemunho original.

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