Patrícia Borges: atleta da Seleção Brasileira de vôlei entra na política e torna-se líder comunitária na Vila Ema. Foto / Cleverson Nunes/CMSJC

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

A ex-jogadora da Seleção Brasileira de vôlei lidera um grupo nas redes sociais para defender o bairro; ao mesmo tempo, mira novos desafios na política, como defensora das bandeiras do conservadorismo, e é a mais nova Cidadã Joseense

 

WAGNER MATHEUS*

Há menos de um ano, um grupo de moradores começou a debater os problemas da Vila Ema, na região central. A instalação de um estabelecimento para venda de bebidas na avenida Heitor Villa-Lobos teria agravado os problemas já existentes de perturbação do sossego na região. Morando há quase 13 anos no bairro e, diante desse e de outros problemas –trânsito, segurança, saneamento básico, verticalização e outros–, Patrícia Borges resolveu criar o grupo no Facebook em busca de soluções junto à Prefeitura e outros órgãos e empresas.

A líder do movimento, que também criou um grupo similar para a Vila Adyana, é uma ex-atleta de voleibol de alto desempenho, que ingressou na política local a partir da eleição municipal de 2020 como candidata a vice-prefeita do professor Agliberto Chagas, do Novo. A dupla ficou em 6º lugar no primeiro turno, com 9.658 votos.

A partir daí, ela seguiu na carreira política, já no Partido Liberal (PL), do ex-presidente Jair Bolsonaro, defendendo bandeiras de direita. Em 2022, concorreu a deputada federal, obtendo 10.434 votos.

A visibilidade e o empenho nas campanhas fizeram de Patrícia uma personagem de respeito nas redes sociais. Hoje, ela mantém cerca de 105 mil seguidores no Instagram, 40 mil no X (antigo Twitter) e 14 mil no Tik Tok.

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Trajetória

Patrícia Borges tem 49 anos e nasceu no bairro do Grajaú, na cidade do Rio de Janeiro. Chegou em São José dos Campos há 29 anos, acompanhando o primeiro marido. Trazia a primeira filha, com 2 meses de idade, e logo engravidaria do segundo filho, que nasceu em 1996. Hoje, tem três filhos.

A carreira esportiva de Patrícia teve início aos 12 anos de idade, no Grajaú Tênis Clube. Em 1989, foi campeã brasileira pela seleção carioca. Dois anos depois, foi convocada pela primeira vez para a Seleção Brasileira de vôlei. Atuando pelo Brasil entre 1991 e 1993, foi vice-campeã mundial infantojuvenil, campeã sul-americana juvenil, medalha de bronze na Canadá Cup adulta e, após encerrar a carreira na categoria adulta, campeã mundial master.

No início de 1997, passou a defender a equipe de voleibol da Associação Esportiva São José (AESJ) no campeonato paulista. Por São José, jogando como capitã da equipe, foi campeã nos Jogos Regionais e Jogos Abertos do Interior. No paulista daquele ano, ganhou o troféu de melhor atleta.

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No mesmo ano, disputou a Superliga nacional pelo Joinville, de Santa Catarina. Nas temporadas seguintes, jogou pelo Davene Paulistano, de São Paulo. Depois de atuar em sete Superligas, parou em 1999.

Entre 2014 e 2015, Patrícia foi treinadora na OVA (Orlando Volleyball Academy), nos Estados Unidos. De volta ao Brasil, entre 2018 e 2019 ocupou o cargo de coordenadora das equipes de voleibol feminino do Programa Atleta Cidadão em São José.

No último dia 7, em sessão solene, a Câmara Municipal lhe entregou o título de Cidadã Joseense. A homenagem foi proposta pelo vereador Thomaz Henrique (Novo), em coautoria com Lino Bispo e Roberto Chagas (ambos do PL). O deputado estadual Dr. Elton (União) compareceu à cerimônia.

No momento, Patrícia divide o tempo entre os problemas da Vila Ema e a política. Ela diz que é pré-candidata a vereadora em outubro, mas não esconde que podem ocorrer outros arranjos na composição das chapas de candidatos. “Estou à disposição do partido”, declara.

Patrícia falou com o SuperBairro. Veja a seguir.

Patrícia com dois dos três filhos e o marido Fabrício Paiva. Foto / Cleverson Nunes/CMSJC

 

ENTRE ASPAS

Chegada em SJC

“Desde que cheguei, passei a viver uma história de amor com São José. É uma cidade maravilhosa. Morava no Jardim das Indústrias e via as pessoas dando carona a estudantes da Etep que mostravam plaquinhas na avenida São João para chegar em casa. Não havia perigo, a cidade era bem tranquila. Além disso, tinha um ótimo relacionamento no clube [AESJ], com o técnico Amorim, o coordenador Inácio [Luis Inácio Messias, hoje diretor do São José Basketball], me dava bem com todos. Sou a carioca mais joseense que existe.”

Na Vila Ema

“Moro há quase 13 anos na Vila Ema. É um bairro maravilhoso, está em uma cidade grande, mas ainda dá para cumprimentar os vizinhos. Infelizmente, de um tempo para cá passou a ter problemas com perturbação do sossego. Com os moradores unidos, temos conseguido avançar em pontos importantes. E ver as pessoas do bairro agradecendo me motiva a continuar.”

Entrando na política

“A minha saída do cargo de coordenadora do vôlei feminino de São José gerou descontentamento entre várias atletas. A repercussão dessas queixas nas redes sociais chamou a atenção do professor Agliberto [Chagas], que estava pronto para disputar a eleição para prefeito de São José em 2020, pelo partido Novo, e me convidou a entrar na chapa como candidata a vice-prefeita. Em um primeiro momento, achei a ideia um absurdo, mas depois vi que poderia fazer coisas boas para a cidade e pelo esporte. Por isso, aceitei disputar a eleição. Pensei, ok, não sou mais a coordenadora do vôlei, mas vou poder fazer algo. Não sou apaixonada por política, mas vejo a importância da política na vida das pessoas.”

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Na direita

“Essa opção veio da minha família, todos sempre foram contra a esquerda. Meu avô era militar, apaixonado pela política, assistia à TV Senado todos os dias e já acompanhava Bolsonaro [ex-presidente Jair Bolsonaro, do PL], que lutava pelos militares. Eu, no esporte, também sempre me identifiquei com a disciplina, com os valores, o respeito, gosto das coisas muito corretas. Mas falo com muitos petistas, respeito.”

Eleições de outubro

“Por enquanto, sou pré-candidata a vereadora. Como presidente do PL Mulher na cidade, quero incentivar as mulheres a entrar na política. Mas estou à disposição do partido.”

Cidadã Joseense

“Fiquei muito surpresa, nunca pensei merecer, mas é bacana saber que alguma coisa que você faz está sendo reconhecida. Tenho gratidão ao povo joseense, que me recebeu tão carinhosamente.”

 

*Wagner Matheus é editor geral do SuperBairro.