Sede do CCP Ocílio Ferraz, que será inaugurada em Monteiro Lobato. Foto / Divulgação

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Inauguração da sede será a primeira etapa de um ousado projeto de defesa da cultura popular da região

 

DA REDAÇÃO

Neste domingo (14), a partir das 10h, será dada a largada a um projeto de incentivo à cultura popular do Vale do Paraíba. O Centro de Cultura Popular (CCP) Ocílio Ferraz prevê várias atrações bem no centro do município de Monteiro Lobato.

O evento terá a inauguração do painel “Travessia do Rio Paraíba do Sul”, criado pelos artistas plásticos Edison Braga e Cristina Cursino Cesar. O painel é uma pintura em azulejo de 2m40 x 3m40, com uso da técnica de óleo mole. Além disso, haverá apresentação de grupos de moçambique de Monteiro Lobato, Jacareí e Paraibuna.

O CCP Ocílio Ferraz fica na avenida Dr. Adhemar de Barros, 101 – Centro. Quem vai de São José dos Campos pela SP-50 deve virar à direita após a placa “bem-vindos”, logo na entrada da cidade. A entrada é gratuita.

Sem prazos

O idealizador do projeto é o empresário, proprietário rural e empreendedor cultural Cristovão Cursino. Ele foi o criador do Prêmio SFX de Literatura, no distrito de São Francisco Xavier, coordenou a equipe que elaborou o plano diretor do Parque Roberto Burle Marx (Parque da Cidade) de São José dos Campos, e foi um dos idealizadores da criação e implantação do MAB (Memorial Aeroespacial Brasileiro), tendo presidido a Abcaer (Associação Brasileira de Cultura Aeroespacial).

Segundo Cursino, o projeto completo foi dividido em etapas e não tem prazo fixado para conclusão. “As variáveis são muitas, desde a aceitação e apropriação pela comunidade, o interesse e a interação com o poder público, até o apoio de quem acredita nessa iniciativa como forma de melhoria da sociedade”, explica.

O projeto

O CCP Ocílio Ferraz vai ocupar uma área de aproximadamente 20 mil m², margeada pelo rio Ferrão, um afluente do rio Buquira que, no passado, foi palco de diversas ocupações: parada de tropas, olaria, matadouro, fecularia, armazém, danceteria e, por último, uma central de reciclagem de lixo e criação de ovelhas e gado bovino.

A casa antiga que existia no local foi reformada mantendo características de propriedade rural e será a sede do centro. Um curral e uma área no entorno foram transformados em parada de cavalos.

A segunda etapa do empreendimento prevê a construção da Vila do Ontem, onde serão realizadas atividades de educação, cultura e lazer. A vila será um conjunto de 20 pequenas lojas, cada uma com cerca de 18 m², em estilo antigo, lembrando os centros das pequenas cidades. As lojas funcionarão como oficinas, onde artesãos, doceiros, pequenos produtores e outros praticantes da cultura popular poderão compartilhar o que sabem e vender seus produtos.

Na segunda etapa, será erguida uma réplica, em tamanho menor, da Capela de Nossa Senhora das Mercês, de São Luiz do Paraitinga.

Também nessa fase será construído o “Mercadão”, com área coberta em torno de 500 m², construído em madeira roliça e coberto com telhas de barro. O espaço será destinado à comercialização de produtos locais nos finais de semana. Além disso, o pavilhão poderá servir para atividades culturais, sociais e recreativas.

Uma pista de caminhada no entorno do terreno, margeando a beira do rio Ferrão, finaliza o projeto.

Divulgador do tropeirismo

Ocílio José Azevedo Ferraz, que dá nome ao CCP, foi um divulgador da história e da cultura dos tropeiros. Também se especializou na gastronomia da comunidade rural do Vale do Paraíba, tendo mantido restaurantes e espaços culturais em sua Fazenda Gramado (Caçapava), em Silveiras e em Lorena.

Foi o autor do livro “São Paulo, Caminhos da Colonização – Viagens de Tropeiros entre Serras”. Ocílio também foi tema de reportagem do jornal “The New York Times”, onde fez a defesa do uso da formiga içá, uma iguaria de origem indígena, na gastronomia tradicional do Vale do Paraíba.