IPCA registrou queda no preço de alimentos, mas contas de luz e transportes tiveram alta; INPC, a inflação das famílias de renda mais baixa, subiu 0,23%
DA REDAÇÃO*
O mês de junho foi marcado pela primeira queda no preço dos alimentos depois de nove meses, o que ajudou a inflação oficial a perder força pelo quarto mês seguido, fechando junho em 0,24%. No entanto, a bandeira vermelha na conta de energia elétrica fez a conta de luz subir e ser o subitem que mais pressionou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado nesta quinta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em junho do ano passado, a inflação oficial havia sido de 0,21%. Desde fevereiro de 2025, quando marcou 1,31%, o IPCA perdeu força seguidamente nos meses de março (0,56%), abril (0,43%), maio (0,26%) e junho (0,24%).
Apesar da sequência de meses de desaceleração, com inflação mensal cada vez menor, o IPCA acumulado de 12 meses alcançou 5,35%, ficando pelo sexto mês seguido acima do teto da meta do governo, de até 4,5%. Esse período de seis meses acima de 4,5% configura estouro da meta. Em abril, o acumulado obteve o ponto mais alto do ano, 5,53%.
Queda nos alimentos
Dos nove grupos de preços apurados pelo IBGE, apenas um apresentou queda de preços, o de alimentos e bebidas (0,18%), representando peso de 0,04 ponto percentual (p.p.).
Vilão da inflação nos últimos meses, o grupo alimentação foi influenciado pela alimentação no domicílio, que saiu de 0,02% em maio para menos 0,43% em junho. Os subitens que mais puxaram para baixo o grupo foram ovo de galinha (-6,58%), arroz (-3,23%) e frutas (-2,22%).
O café subiu 0,56% em junho, bem abaixo de maio (4,59%) e acumula alta de 77,88% em 12 meses. Já a alimentação fora do domicílio desacelerou para 0,46% em junho, depois de ter marcado 0,58% em maio.

Luz mais cara
O subitem que mais empurrou o IPCA para cima foi a energia elétrica, que subiu 2,96% no mês, representando impacto de 0,12 p.p. A explicação está principalmente na bandeira vermelha patamar 1, que acrescenta R$ 4,46 a cada 100 quilowatts hora consumidos.
A bandeira tarifária vermelha é uma medida do governo para o fim do período chuvoso. A previsão de geração de energia vinda de hidrelétricas piorou e nos próximos meses pode haver mais uso de usinas termelétricas, que fornecem energia mais cara.
Transportes sobem
O grupo dos transportes também teve alta relevante no mês (0,27% e impacto de 0,5 p.p). Dentro do grupo, os combustíveis caíram no mês (0,42%), mas houve alta no transporte por aplicativo (13,77%).
O índice de difusão no mês foi de 54%, significando que, dos 377 produtos e serviços que tiveram os preços apurados, 54% tiveram alta de preço. Esse é o menor patamar desde julho de 2024 (47%). Em abril, o índice chegou a 67%.

INPC fica em 0,23%
O IBGE divulgou também o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que ficou em 0,23% em junho e acumula 5,18% em 12 meses. A diferença entre os dois índices é que o INPC apura a inflação para as famílias com renda de até cinco salários-mínimos, enquanto o IPCA abrange as com renda de até 40 salários-mínimos. Atualmente o mínimo é de R$ 1.518.
O IBGE confere pesos diferentes aos grupos de preços pesquisados. No INPC, por exemplo, os alimentos representam 25% do índice, mais que no IPCA (21,86%), pois as famílias de menor renda gastam proporcionalmente mais com comida. Na ótica inversa, o preço de passagem de avião pesa menos no INPC e mais no IPCA.
O INPC influencia diretamente a vida de muitos brasileiros, uma vez que o acumulado móvel de 12 meses costuma ser utilizado para cálculo do reajuste de salários de diversas categorias ao longo do ano.
*Com informações da Agência Brasil.