Alexis Valdés
Quando a chuva passar e se acalmarem os caminhos,
Seremos sobreviventes de um naufrágio coletivo.
Com o coração choroso e o destino abençoado
Nos sentiremos sortudos apenas por estarmos vivos.
E daremos um abraço no primeiro desconhecido
E louvaremos a sorte de conservar um amigo.
E então nos lembraremos de tudo aquilo que perdemos
De uma vez aprenderemos tudo o que não aprendemos.
E não teremos inveja, pois todos terão sofrido.
E não teremos apatia, seremos mais compreensivos.
Valerá mais o que é de todos, o que jamais conseguiram.
Seremos mais generosos, e muito mais comprometidos.
Entenderemos o quanto significa estarmos vivos.
Sentiremos empatia por quem está e por quem já se foi
Admiraremos o velho que pedia dinheiro no mercado,
Que não sabíamos o nome e que sempre esteve ao seu lado,
E talvez o velho pobre fosse o seu Deus disfarçado.
Nunca perguntou o nome dele,
porque estava com pressa.
E tudo será um milagre, tudo será um legado.
E se respeitará a vida, a vida que nos foi dada.
Quando a chuva passar, te peço
Deus, arrependido,
Que nos devolva coisas melhores, como tinha sonhado para nós.
* Este poema comoveu o papa Francisco, que o incluiu em seu livro.
Alexis Valdés é ator, comediante, monólogo, produtor de cinema, dramaturgo, poeta, cantor e roteirista. Nasceu em Havana (Cuba) em 16 de agosto de 1963. Valdés é formado em engenharia térmica pelo Politécnico José Antonio Echeverría de Havana. Fonte: Wikipédia

> Júlio Ottoboni é jornalista (MTb nº 22.118) desde 1985. Tem pós-graduação em jornalismo científico e atuou nos principais jornais e revistas do eixo São Paulo, Rio e Paraná. Nascido em São José dos Campos, estuda a obra e vida do poeta Cassiano Ricardo. É autor do livro “A Flauta Que Me Roubaram” e tem seus textos publicados em mais de uma dezena de livros, inclusive coletâneas internacionais.

