Após as sentenças, tema da tentativa de golpe sai do STF e vai parar no Congresso. Foto / Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Finalmente tivemos um julgamento pelo STF nos processos da tentativa de golpe de Estado, desta vez envolvendo os peixes mais graúdos. Até agora, só lambaris do 8 de Janeiro haviam caído nas redes dos pescadores de capa preta do Supremo.

Passados alguns dias, este colunista puxa pela memória para alinhar alguns fatos –ou versões deles– que começam a ser percebidos no panorama da política e da Justiça do país. Vamos a eles.

– O STF quis ser exemplar nas condenações, interrompendo uma tradição histórica de alisar a cabeça dos golpistas, desde o episódio do fim do Império, com a Proclamação da República. Era necessário isto.

– Como tem ocorrido com os processos da tentativa de golpe, a dosimetria tem sido rigorosa demais na fixação das penas. Dar mais de 20 anos de pena para os sete acusados, sendo 27 anos e três meses para Bolsonaro, é excessivo. Talvez os recursos tornem essas penas mais realistas.

– As articulações para uma anistia parecem ser conversa para boi dormir no campo da direita brasileira. Sabendo que as chances de o “mito” recuperar seus direitos políticos rapidamente são escassas, eles jogam para a torcida. Na verdade, brigam por espaço em um cenário sem Bolsonaro.

– Pesquisas, principalmente do Datafolha, mostram que parte dos quase 50 milhões de eleitores de Jair Bolsonaro está deixando o radicalismo para assumir uma posição mais consciente e legalista. Boa notícia. Na população como um todo, 54% são contrários a uma anistia, enquanto 39% são favoráveis.

– Tarcísio de Freitas está em um mato sem cachorro. Desliza de um lado para o outro, de acordo com cada acontecimento. Corre o risco de não agradar aos radicais que está cortejando agora e, ao mesmo tempo, ser preterido por parte dos eleitores de centro e centro-direita. Precisa de conselhos de quem entende mais de política…

É isso. Enquanto o STF deve começar a receber recursos dos advogados dos condenados, a bola deve passar para o Congresso, com as articulações pela anistia de um lado, e contra ela do outro.

Vamos acompanhar…

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RADAR

É careca ou não é?

Fux antes do topetão. Foto / Terra/Reprodução

Por falar em STF, bastou o ministro Luiz Fux votar absolvendo Bolsonaro e Cia. para implicarem com o cabelo do homem. Esta coluna não é de beleza, mas a bem da verdade Fux não ganhou do papai do céu a vasta cabeleira que exibe. Em uma entrevista antiga ele reconheceu que recorreu a “implante capilar”. Chame-se do nome que se quiser chamar, até de peruca, porém uma foto antiga do ministro mostra claramente que a manutenção do seu topete deve lhe custar um pouquinho do belo salário mensal.

Vai ser prolixo lá longe…

Ainda sobre Fux, antes que parte do povo brasileiro deixe o sujeito em paz, a “Folha de S.Paulo” teve a pachorra de comparar o volume de letrinhas do voto dele com o de obras consagradas da literatura brasileira e portuguesa e, ainda, com os votos dos demais ministros da primeira turma nos processos. Fica a conclusão de que, pelo menos em termos de eficácia, tamanho de voto não é documento.

Voto de Fux supera volume de “Os Lusíadas”: para quê?. Deltafolha/Reprodução

Enviando sinais (1)

Entre os políticos locais –e nem tão locais–, os típicos acenos para o eleitorado começaram a surgir logo após a condenação de Bolsonaro. O vice-governador Felício Ramuth (PSD), por exemplo, afirmou em nota que vê espaço para anistia, principalmente após o voto do ministro Fux.

Mas alertou que “o projeto de lei da anistia […] tem que ser técnico-político para que não seja questionado depois, inclusive pelo próprio STF. A resposta tem que ser na mesma moeda. É preciso fazer o texto possível”.

Ramuth também abriu a possibilidade de uma anulação do processo em outro momento: “Já vimos isso acontecer e não faz tanto tempo. A posição de Fux mostra que, eventualmente, em uma nova formação do STF, podemos ter até uma anulação do que está acontecendo”.

Haverá sinais: Felício com o irmão de Bolsonaro. Foto / Facebook/Reprodução

Enviando sinais (2)

Em meio a uma entrega de título fundiário e uma visita a obras, até o prefeito Anderson Farias (PSD) resolveu dar pitaco nos últimos acontecimentos. Em nota nas redes, mergulhou bem fundo: “O Brasil não pode ser refém da instrumentalização política do Poder Judiciário”, referindo-se, é óbvio, à condenação do “capitão”.

Em outro trecho, subiu um pouco à superfície para dizer que, apesar de tudo, “é hora de virar a página da perseguição e da briga, e buscar a paz para o nosso país”. Aí falou bonito!

Anderson: pancada no Judiciário e desejo de paz. Foto / Facebook/Reprodução

Público x privado

Aqui na coluna Política & Políticos se fala de política, gestão pública e, por que não, até de esporte. O problema é que no último domingo (14), quando a Águia do Vale foi desclassificada da Copa São Paulo com uma derrota por 1 a 0 para o Comercial de Ribeirão Preto, depois de martelar no gol adversário quase o jogo inteiro, um outro problema chamou a atenção de quem viu o jogo: o estado lamentável do gramado do estádio Martins Pereira.

Muita gente ficou em dúvida quanto a quem é responsável atualmente pela conservação do gramado, que estava uma espécie de pasto. Seria a Urbam (pública), ou a São José – SAF (privada)? Perguntando para quem sabe, veio a resposta: a responsável é a SAF do megaempresário Oscar Constantino & parceiros.

Ai da prefeitura se o problema fosse dela, iriam cair matando no prefeito Anderson…

Martins Pereira: um pasto privado. Foto / Facebook/Reprodução

SJC ‘sem’ e ‘com’ o LP

Na abertura de um artigo publicado no SuperBairro no domingo (14), o incansável jornalista, escritor e ex-vereador Luiz Paulo Costa, de 82 anos, deu a notícia: vai deixar a São José onde nasceu –e onde foi um dos mais ativos vereadores por cerca de 20 anos– para morar com o filho na litorânea Caraguatatuba.

O SuperBairro foi rápido no gatilho e conseguiu fazer com que, se Luiz Paulo não será mais visto presencialmente nos locais da cidade que costuma frequentar –principalmente o Mercado Municipal aos sábados e a calçada do Parque Vicentina Aranha aos domingos–, ele continuará a ser lido pelos joseenses. O velho LP, como é conhecido, é o mais novo colunista do portal. Ele vai falar sobre lembranças de fatos importantes e pessoas marcantes na história do município.

Seja bem-vindo, LP!

Luiz Paulo Costa é o novo colunista do SuperBairro. Foto / SuperBairro
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TOQUE FINAL

Caso de política ou de polícia?

Leonardo: levando R$ 800 mil de município quebrado? Foto / Instagram/Reprodução

Depois os políticos não querem ver a Justiça se metendo nos assuntos deles. Mas não dá. Veja esta da cidade serrana de Teresópolis, em que o prefeito Leonardo Vasconcellos (União) contratou o seu xará musical Leonardo para um show em uma feira agropecuária na cidade, no próximo dia 21, por nada menos que R$ 800 mil de cachê.

Tudo muito bom se o município não estivesse atravessando uma seríssima crise, com a prefeitura tendo decretado “estado de calamidade financeira”. Teresópolis tem cerca de R$ 700 milhões em dívidas, além de atrasos em salários, verbas rescisórias e repasses a hospitais conveniados ao SUS.

O Ministério Público local não perdeu tempo, acionando a Justiça para conseguir a suspensão do show sem pagamento ao cantor. Enquanto a Justiça não decide, o prefeito cara-de-pau ainda insiste em defender a despesa musical: “Vai ter festa!”, diz.

Justiça nele!

 

* Texto atualizado às 20h27 do dia 15/9/25 para revisão ortográfica e de estilo.

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