Foto / Pixabay

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

– Não aguento mais este calor! É o que dá essa gente malvada que quer acabar com o mundo! Por que não param de poluir, cachorros! É o tal de aquecimento global, eles não dão a mínima. Se eu pudesse, esganava esse pessoal ruim como a peste!

Assim esbravejava a sempre rancorosa tia Filoca. Mas, calma, tia.

Primeiro, porque a Terra, o mundo, não vai acabar. O planeta ficará ali tranquilinho, já passou por piores momentos, no máximo vai dar uma sacudidela numa raça de macacos espertos, o homo sapiens, para se livrar desses piolhos. E continuará por mais quatro bilhões de anos, até o final esperado pelos cientistas.

Segundo, porque este calor está no mundo inteiro, depende do hemisfério, então relaxe e se adapte, porém faça a sua parte e se engaje na luta ecológica, mesmo sem a histeria da menina internacional. Parar de poluir é complicado, a humanidade, segundo a teoria de cientista, pode estar caminhando para a autodestruição, como poderia acontecer com supostas civilizações alienígenas –os malvados sempre estão no comando.

Terceiro, quanto a esganar, não conseguirá, o máximo será destroncar o pescoço do frango caipira para o almoço do domingo.

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Mas como está quente! Em São José dos Campos, minha terra adotiva, até mais que no litoral. E olha que no litoral paulista está um calor bravo. Ubatuba, onde supostamente estarei num paraíso e reduzindo o estresse, na realidade não está nem um paraíso, pela quantidade absurda de gente, nem serve para reduzir muito o estresse e apresenta novos. A vantagem é que serve, de qualquer maneira, para refrescar um pouco a cabeça. Para isso não levo a tia Filoca.

Boa leitura, sombra e água fresca, belas paisagens para contemplação, ensejo para ler, escrever, dormir em rede, banho de mar em água morna, cervejinha. Isto para mim.

Para os jovens, muito agito, navegar nas bananas boats da vida, motos aquáticas, surfe, body board, praia à tarde, baladinhas à noite, na orla, tudo muito cultural.

Os casais, passeios nas manjadas escunas, para pegar um vermelhinho e enjoo legal, o indefectível, porém interessante Aquário de Ubatuba –basta uma vez, para um adulto; para criança, não, quer ir repetidamente. Passeio na rua das compras, todo mundo feito um camarão! Criançada chorando, sorvetes, cavalinhos, feirinha de bugigangas, parquinho infantil, ufa, aquele horror!

No fim, sempre a tia Filoca:

‒ Vai para Caraguá? (Ubatuba, tia). Não vou de jeito nenhum, Deus me livre.  Depois não me venha reclamando disso e daquilo. Traga pra mim uma bananinha do Tachão ou de Paraibuna. E um queijo com sabor, o último não tinha gosto nenhum. Eu fico aqui neste calor infernal, seguindo minhas novelinhas.

Graças a Deus!

 

> José Roberto Fourniol Rebello é formado em direito. Atuou como juiz em comarcas cíveis e criminais em várias comarcas do estado de São Paulo. Nascido em São Paulo, vive em São José dos Campos desde 1964, atualmente no Jardim Esplanada. Participou do movimento cultural nascido no município na década de 60.

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