Foto / Pixabay

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Parece que foi ontem que o ano de 2025 começou. Parece que a gente ainda ouve as últimas batucadas do Carnaval. Parece que o inverno ainda bate às nossas portas. Mas acredite, já foi dada a ordem geral para todo mundo entrar no clima de Natal e Réveillon.

Penso que eu, que sou um ansioso, sofro mais. Vejo as luzinhas chinesas começarem a ser acesas nos prédios de condomínios; artigos de Natal expostos descaradamente nos supermercados; lojas oferecendo preços imperdíveis para as compras de final de ano. Só que estamos ainda a quase dois meses das festas. Haja ansiedade…

A vontade do comércio faturar com as vendas natalinas chega ao ponto de uma outra estratégia de marketing ser antecipada: a Black Friday. Pois é, já estão falando na TV e nas redes sociais como se a Black Friday fosse amanhã, quando se sabe que esta tradição que nós, plagiadores brasileiros, passamos a imitar dos Estados Unidos, será realizada por lá em 28 de novembro.

Explico: os gringos promovem vendas a preços de arrasar na quarta sexta-feira do mês de novembro, um dia depois do feriado de Ação de Graças deles. Ou seja, nem um dia antes, nem um dia depois. Mas nós já falamos abertamente em Black Friday. Pode isso?

O pior de tudo é que, depois de ficarmos dois meses respirando um clima inflado de festas de fim de ano, quando realmente chegam o Natal e o Réveillon, eles vêm com um cheiro de anticlímax no ar. Muita gente se pergunta: eu me preparei durante tanto tempo só para duas ceias, dois almoços e duas ressacas?

APOIO / SUPERBAIRRO

Será que vale a pena? Para mim, que já estou muito rodado em dezenas e dezenas de dias de Natal e Ano-Novo, fica a impressão de que é muito esforço para pouco retorno, parece que a relação custo-benefício não é lá essas coisas.

Mas vamos pensar de uma forma mais ampla, vamos pensar em outros públicos. As crianças, por exemplo, têm todo o direito de sonhar com a manhã de Natal e seus presentes ao pé da árvore enfeitada. E tem também as mães, que ficam contando os dias para poderem reunir os filhos, sobrinhos, talvez até netos, em torno da mesa depois de um ano inteiro com eles trabalhando em outras cidades, às vezes em outros países. Pais também podem sentir este amor, mas mães, em geral, costumam ser insuperáveis nesse quesito.

São momentos de felicidade, sem dúvida alguma. Mas volto ao meu pessimismo, talvez decorrente do ansioso que sou: Será que não podíamos diminuir os dias de preparação –quase 60!– e aumentar os de satisfação –apenas dois?

Aí está um bom desafio para a gente pensar neste quase final de ano. Como reduzir as compras, enfeites, comidas, bebidas e aumentar os encontros entre pessoas que se gostam e querem passar bons momentos juntas? Quem tiver boas ideias sobre isso, por favor, conta pra mim.

Wagner Matheus. Foto / SuperBairro

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 50 anos. É editor do SuperBairro. Mora na Vila Guaianazes há 24 anos.

APOIO / SUPERBAIRRO
APOIO / SUPERBAIRRO