Relatório da Defensoria Pública sobre 117 mortos na operação indicou que mais da metade eram de fora do Rio de Janeiro. Foto / Tânia Rêgo/Agência Brasil

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Defensoria Pública do Rio revela que cerca de 54% dos identificados eram de fora do estado, e que 17 mortos não tinham histórico criminal; ONG de Direitos Humanos critica as investigações

 

DA REDAÇÃO*

A Polícia Civil do Rio de Janeiro divulgou no final da noite de domingo (2) o perfil com imagens de 115 das 117 pessoas mortas na Operação Contenção, realizada na última terça-feira (28/10) nos Complexos do Alemão e da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro. O relatório foi feito pela Ouvidoria Geral da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro.

De acordo com nota distribuída à imprensa, “mais de 95% dos identificados tinham ligação comprovada com o Comando Vermelho e 54% eram de fora do estado. Apenas dois laudos resultaram em perícias inconclusivas”.

A Polícia Civil descreve que 97 das pessoas mortas “apresentavam históricos criminais relevantes”. Entre os mortos, 59 tinham “mandados de prisão pendentes”.

O comunicado oficial admite que outras 17 “não apresentaram histórico criminal”, mas segundo as investigações posteriores, “12 apresentaram indícios de participação no tráfico em suas redes sociais”.

A lista nomina as pessoas mortas como “neutralizados” e assinala que 62 desses são de outros estados: “19 do Pará, 9 do Amazonas, 12 da Bahia, 4 do Ceará, 2 da Paraíba, 1 do Maranhão, 9 de Goiás, 1 de Mato Grosso, 3 do Espírito Santo, 1 de São Paulo e 1 do Distrito Federal”.

Doca

Relatório da Polícia diz que há no Rio de Janeiro “chefes de organizações criminosas de 11 estados da Federação, de quatro das cinco regiões do país”. O principal alvo da operação –Edgar Alves de Andrade, conhecido como “Doca”, líder do Comando Vermelho (CV)– segue em liberdade após seis dias da operação policial.

Nenhuma das pessoas mortas havia sido denunciada à Justiça pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro. A Ordem dos Advogados do Rio de Janeiro criou um observatório para acompanhar a apuração sobre o cumprimento da lei pelas polícias Civil e Militar durante a Operação Contenção.

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ONG critica

A Organização Não Governamental (ONG) Human Rights Watch afirmou que a polícia do Rio de Janeiro cometeu falhas “cruciais” na investigação das mortes ocorridas durante a Operação Contenção. Em nota pública, a organização relacionou essas falhas a um “desinteresse proposital”, por envolverem população de maioria negra e de baixa renda.

Segundo a Human Rights Watch, a polícia “não preservou o local dos tiroteios para análise, uma medida muito importante para determinar as circunstâncias das mortes”.

“Estamos muito preocupados com o fato de que etapas cruciais da investigação não foram realizadas e que provas importantes podem já ter sido perdidas”, declarou César Muñoz, diretor da ONG no Brasil.

 

*Com informações da Agência Brasil.

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