Quem se informa sobre o que acontece no mundo pelas TVs e redes sociais tem a impressão de que o planeta está à beira de um conflito global, com gente querendo se matar o tempo todo e destruir os países “adversários”. Mas não é bem assim.
Como já disse aqui neste espaço –do qual tive que me ausentar por algum tempo–, adquiri o hábito de acompanhar viajantes brasileiros nômades ao redor do mundo. Normalmente, são casais que percorrem os lugares mais comuns e também os mais misteriosos do planeta, nas Américas, na Europa ou na Ásia.
Nessas viagens, os brazucas costumam mergulhar bem fundo nos países, visitando lugares turísticos e também outras localidades onde as populações locais são mais isoladas. Mostram para quem está do outro lado do celular o que as pessoas comem, quanto custam os alimentos, como moram, como se divertem, o que pensam do Brasil e outras curiosidades.
Depois de assistir a esses passeios fica em mim uma certeza: gente é tudo igual no mundo inteiro. Assim como você, as pessoas comuns, em qualquer lugar, só querem cuidar delas e das suas famílias, viver com dignidade, praticar a sua religião –que quase sempre prega a paz e o convívio entre os semelhantes–, enfim, todos só querem ser felizes.
Mas então de onde vem a sensação de que estamos à beira de um conflito generalizado com bombardeios destruindo todos os seres vivos? Ora, como sempre, vem dos governos. São eles que escolhem a quem odiar, a quem combater e a quem querem exterminar.

Este meu comentário vem a propósito de duas áreas das muitas que estão em conflito neste momento: a Guerra da Ucrânia, entre Rússia e Ucrânia, e o eterno conflito que separa Israel e a Palestina. E ainda dá para incluir nesse bololô Estados Unidos e Brasil, embora, felizmente, o confronto se limite a ataques verbais e sanções comerciais.
Você acha que o povo israelense é muito diferente do palestino? Acha que judeu é genocida e palestino é um terrorista em potencial? Isto é o que os homens que têm o poder querem que você acredite. Mas basta percorrer as ruas dos dois países para constatar que as pessoas só querem, repito, ser felizes. Os seus governos é que não deixam.
O mesmo acontece entre russos e ucranianos, povos, é bom lembrar, quase “parentes” entre si. Seus governos se engalfinham em uma briga em que retomam a “guerra fria”, que deveria estar fora de moda desde 1989, com a queda do Muro de Berlim. Mas, por culpa quase exclusiva do autoritário Vladimir Putin, e também da OTAN, que quer sufocar a Rússia cercando-a de mísseis, povos quase irmãos estão se matando.

Vamos voltar ao Brasil e aos Estados Unidos. Neste momento, um governo para ser esquecido, o de Donald Trump, resolveu usar da força contra imigrantes e, se não fosse o bastante, pressionar covardemente o Judiciário e o Executivo brasileiros em nome de uma pretensa defesa da Justiça e da liberdade de expressão.
Enquanto isso, o povo norte-americano continua sendo o que sempre foi, um povo que recebe bem os seus imigrantes, que é pacífico, que está cansado dessa obsessão do seu governo de ser a polícia do mundo. É um povo que precisa de um governo que olhe mais para suas questões internas, onde há problemas graves, antes de querer se intrometer nos assuntos de governos legitimamente instalados mundo afora.
É por isso que nós não devemos cometer a injustiça de confundir governos com seus povos. A maioria dos povos espalhados pelos mais de 200 países do planeta não merecem o governo que têm. Enquanto eles procuram briga, as pessoas vivem o dia a dia em paz.
Digo isto, mas é bom excluir os sociopatas, que não representam o povo e são um problema para a medicina. Além disso, também não podemos contar as exceções de radicais atraídos por organizações que querem representar o povo por meio de atos extremistas e terroristas.
Faço o convite a você para seguir, via YouTube, o dia a dia desses viajantes brasileiros que nos colocam em contato com gente de todos os lugares, crenças e hábitos. Você vai ver que são gente como a gente. O que não presta são os seus governos.
E antes que eu me esqueça: liberdade aos palestinos!

> Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 49 anos. É editor do SuperBairro. Mora na Vila Guaianazes há 24 anos.



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