Folclorista Angela Savastano. Foto / Linhas do Vale/Reprodução

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Resgatando a minha dívida com a folclorista Angela Savastano, que não tive oportunidade de comparecer em seu sepultamento por estar em tratamento hospitalar, colhi algumas de suas referências.

Angela foi uma das principais responsáveis pela criação do Museu do Folclore de São José dos Campos, fundado em 1997 por sugestão da antiga Comissão Municipal de Folclore, da qual ela fazia parte. Anos antes, em 1988, ela já havia criado o Centro de Estudos da Cultura Popular, uma organização da sociedade civil que até hoje atua na preservação das tradições regionais.

Além do trabalho intelectual e institucional, seu nome está também ligado ao Carnaval joseense. Em 1988, Angela participou da criação do bloco Pirô Piraquara, que se tornou o mais tradicional da cidade e símbolo da folia de rua local.

Nascida no Rio de Janeiro, Angela se mudou para São José dos Campos em 1945, ainda jovem, quando sua mãe decidiu acompanhar o irmão, que buscava tratamento para tuberculose na cidade. Aqui, casou-se com o médico Rubens Savastano e teve sete filhos.

Angela se formou em ciências sociais e estudou na Escola de Belas Artes de São José. Mais tarde, em São Paulo, concluiu uma especialização em folclore e se tornou uma referência no estudo das manifestações culturais do Vale do Paraíba e de outras regiões brasileiras.

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Quando escrevi o meu quinto livro, “A sua bênção, Chico Triste”, resgatando a história do folclorista e professor Francisco Pereira da Silva, de quem ela foi uma das melhores sucessoras, não tive dúvida de convidá-la para prefaciá-lo. Assim sendo, deixo neste prefácio a minha admiração por sua pessoa e pelo inestimável registro do folclore joseense:

“Não está fácil escrever o prefácio deste livro. Embora tenha me sentido muito lisonjeada pelo convite, o mesmo me causou muita ansiedade. Primeiro pela responsabilidade de prefaciar uma obra cujo conteúdo me envolve e, ainda o autor da obra, é mais que amigo. Também não sou a pessoa mais capacitada para esta importante tarefa.

“Tudo isto me causa, como disse, muita ansiedade. Mas vou escrever com o coração, como sempre faço nestes momentos.

“Ao reler os escritos do meu amigo Luiz Paulo sobre o professor Francisco Pereira da Silva, me surpreendi e me emocionei por que ele, Chico Triste, conviveu com pessoas ilustres e profundos conhecedores e estudiosos do folclore brasileiro como Rossini Tavares de Lima, Maria de Lourdes Borges Ribeiro, Professor Alceu Maynard de Araújo, mestres que me introduziram neste mundo sem fim da cultura popular, do qual não consegui sair até hoje, e ainda o que mais me surpreendeu: eles estiveram aqui, na minha cidade, na minha escola, na minha faculdade, trazidos pelas mãos deste homem hoje homenageado, Chico Triste.

“Ele sabia muito bem o quanto era importante, naquele momento, no auge do desenvolvimento da nossa cidade, tratar desta área da cultura popular. Trazer mestres, estudiosos de folclore para uma profunda reflexão sobre o nosso patrimônio imaterial, o nosso jeito de ser, aquele jeito que nos diz quem somos. As crônicas editadas pelos jornais “O Valeparaibano” e “Agora” são fontes importantes para o estudo do nosso folclore. Trouxeram reflexões. Foram semeadas boas sementes em boa terra.

“Quando Luiz Paulo Costa faz a escolha deste Homem, do seu nome e sua obra para ser o Patrono da Cadeira nº 4 da Academia Joseense de Letras, da qual é ocupante, presta realmente uma justa homenagem de gratidão a Chico Triste. Muito bem-dita é a frase de Luiz Paulo: ‘Com ele, aprendemos a caminhar com o povo’. Realmente, as crônicas escritas, resultado das infinitas pesquisas, suas análises e comentários, são valiosos para nos conhecermos melhor e conhecermos também melhor o outro. Luiz Paulo é o exemplo disso.

“Parabéns pela escolha!”

A sua bênção, eterna Angela Savastano!

Foto / SuperBairro

> Luiz Paulo Costa, 82 anos, é jornalista, escritor e ex-vereador em São José dos Campos

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