Ministros Haddad (Fazenda) e Padilha (Saúde) anunciam o mecanismo que vai trocar dívidas de impostos por atendimento ao SUS. Foto / Antonio Cruz/Agência Brasil

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Para reduzir as filas de espera no SUS, hospitais privados e filantrópicos vão poder abater suas dívidas em troca de consultas, exames e cirurgias

 

DA REDAÇÃO*

O governo federal anunciou nesta terça-feira (24) um mecanismo para que hospitais privados e filantrópicos possam abater dívidas tributárias com a União em troca de atendimento especializado para o Sistema Único de Saúde (SUS). Unidades de saúde privadas que não possuírem débitos também poderão participar, obtendo créditos tributários que poderão descontar em impostos.

A iniciativa foi anunciada pelos ministros Alexandre Padilha (Saúde) e Fernando Haddad (Fazenda) e tem o objetivo de reduzir a fila de espera para consultas, exames e cirurgias. Ela faz parte do programa Agora Tem Especialistas, relançado pelo governo no mês passado.

Os primeiros atendimentos nesse formato devem ocorrer a partir de agosto. As áreas prioritárias definidas pelo governo são oncologia, ginecologia, cardiologia, ortopedia, oftalmologia e otorrinolaringologia, abrangendo cerca de 1.300 tipos diferentes de cirurgias.

Segundo o governo, as instituições interessadas deverão fazer a adesão no Ministério da Fazenda para o programa de transação tributária. Caberá ao Ministério da Saúde aprovar a oferta, demanda e distribuição apresentadas. A pasta também vai controlar e avaliar a execução dos atendimentos e conceder um certificado para a obtenção do crédito tributário.

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R$ 2 bi por ano

O teto para abatimento de dívidas foi estimado em R$ 2 bilhões por ano. Já o crédito tributário para obter descontos em impostos terá limite de R$ 750 milhões. A nova estratégia será formalizada por meio de portaria conjunta entre os ministérios da Fazenda e da Saúde, que será publicada no Diário Oficial da União (DOU).

“Quando a gente pensou nesse mecanismo, que começou hoje, muita gente se lembrou do Prouni [bolsas em faculdades privadas], por ser um mecanismo de aproveitar a estrutura privada, dívidas que não são pagas, dívidas que a União não consegue recuperar e, nesse caso, transformar em consultas, exames, cirurgias, cuidados com a saúde da população”, explicou Padilha.

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Monitoramento

Um painel com dados unificados de monitoramento sobre os atendimentos por meio desse novo programa será disponibilizado para consulta, unificando informações das redes privada, estadual, municipal e filantrópica. Todos os entes e instituições que aderirem ao programa deverão alimentar o sistema.

Segundo Haddad, o programa é um híbrido de vários instrumentos de gestão pública para criar um ambiente que saneia instituições históricas e centenárias de saúde, que atualmente enfrentam problemas de endividamento.

“Nós estamos falando de 3.537 instituições nessa situação. São entidades que prestam serviços médicos que estão nessa situação, e elas respondem por R$ 34,1 bilhões em dívidas inscritas, um valor muito considerável de recursos. E nem sempre você consegue cobrar”, destacou o ministro da Fazenda.

 

*Com informações da Agência Brasil.