Para reduzir as filas de espera no SUS, hospitais privados e filantrópicos vão poder abater suas dívidas em troca de consultas, exames e cirurgias
DA REDAÇÃO*
O governo federal anunciou nesta terça-feira (24) um mecanismo para que hospitais privados e filantrópicos possam abater dívidas tributárias com a União em troca de atendimento especializado para o Sistema Único de Saúde (SUS). Unidades de saúde privadas que não possuírem débitos também poderão participar, obtendo créditos tributários que poderão descontar em impostos.
A iniciativa foi anunciada pelos ministros Alexandre Padilha (Saúde) e Fernando Haddad (Fazenda) e tem o objetivo de reduzir a fila de espera para consultas, exames e cirurgias. Ela faz parte do programa Agora Tem Especialistas, relançado pelo governo no mês passado.
Os primeiros atendimentos nesse formato devem ocorrer a partir de agosto. As áreas prioritárias definidas pelo governo são oncologia, ginecologia, cardiologia, ortopedia, oftalmologia e otorrinolaringologia, abrangendo cerca de 1.300 tipos diferentes de cirurgias.
Segundo o governo, as instituições interessadas deverão fazer a adesão no Ministério da Fazenda para o programa de transação tributária. Caberá ao Ministério da Saúde aprovar a oferta, demanda e distribuição apresentadas. A pasta também vai controlar e avaliar a execução dos atendimentos e conceder um certificado para a obtenção do crédito tributário.

R$ 2 bi por ano
O teto para abatimento de dívidas foi estimado em R$ 2 bilhões por ano. Já o crédito tributário para obter descontos em impostos terá limite de R$ 750 milhões. A nova estratégia será formalizada por meio de portaria conjunta entre os ministérios da Fazenda e da Saúde, que será publicada no Diário Oficial da União (DOU).
“Quando a gente pensou nesse mecanismo, que começou hoje, muita gente se lembrou do Prouni [bolsas em faculdades privadas], por ser um mecanismo de aproveitar a estrutura privada, dívidas que não são pagas, dívidas que a União não consegue recuperar e, nesse caso, transformar em consultas, exames, cirurgias, cuidados com a saúde da população”, explicou Padilha.

Monitoramento
Um painel com dados unificados de monitoramento sobre os atendimentos por meio desse novo programa será disponibilizado para consulta, unificando informações das redes privada, estadual, municipal e filantrópica. Todos os entes e instituições que aderirem ao programa deverão alimentar o sistema.
Segundo Haddad, o programa é um híbrido de vários instrumentos de gestão pública para criar um ambiente que saneia instituições históricas e centenárias de saúde, que atualmente enfrentam problemas de endividamento.
“Nós estamos falando de 3.537 instituições nessa situação. São entidades que prestam serviços médicos que estão nessa situação, e elas respondem por R$ 34,1 bilhões em dívidas inscritas, um valor muito considerável de recursos. E nem sempre você consegue cobrar”, destacou o ministro da Fazenda.
*Com informações da Agência Brasil.