Decisão do Copom de aumentar taxa de juros foi tomada por unanimidade. Foto / Raphael Ribeiro/Banco Central

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Copom eleva juros básicos da economia para 14,75% ao ano, maior nível desde 2006; entidades patronais e de trabalhadores criticam a medida

 

DA REDAÇÃO*

A alta do preço dos alimentos e da energia e as incertezas em torno da economia global fizeram o Banco Central (BC) aumentar mais uma vez os juros. Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou a taxa Selic, juros básicos da economia, em 0,5 ponto percentual, para 14,75% ao ano.

A decisão já era esperada pelo mercado financeiro. Essa foi a sexta alta seguida da Selic. A taxa está no maior nível desde agosto de 2006, quando também foi fixada em 14,75%.

Em comunicado, o Copom não deu pistas sobre o que deve ocorrer na próxima reunião, em meados de junho. Apenas afirmou que o clima de incerteza permanece alto e exigirá prudência da autoridade monetária, tanto em eventuais aumentos futuros como no período em que a Selic ficar em 14,75%.

A alta consolida um ciclo de contração na política monetária. Após chegar a 10,5% ao ano de junho a agosto do ano passado, a taxa começou a ser elevada desde setembro do ano passado, com uma alta de 0,25 ponto, uma de 0,5 ponto e três de 1 ponto percentual.

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Inflação

A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em abril, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial, ficou em 0,43%.

Apesar da desaceleração em relação a março, o preço dos alimentos continua pressionando a inflação. Com o resultado, o indicador acumula alta de 5,49% em 12 meses, acima do teto da meta contínua de inflação.

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Críticas

A decisão do Copom de elevar a taxa Selic recebeu críticas do setor produtivo. Entidades da indústria, do comércio e as centrais sindicais condenaram a alta, que classificaram de exagerada e de ameaça ao emprego e à renda.

Em nota, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) comentou que a elevação “impõe um fardo ainda mais pesado à economia”. Segundo a entidade, a inflação está desacelerando e, além disso, a possibilidade de recessão nos Estados Unidos por causa da política comercial do governo de Donald Trump deve fazer o dólar cair nos próximos meses.

Para a Associação Paulista de Supermercados (Apas), a continuidade do ciclo de alta da Selic é equivocada, especialmente diante do cenário internacional, com os Estados Unidos em recessão técnica, e dos desafios econômicos no Brasil.

Para a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a elevação dos juros reforça o aperto econômico à população. “O brasileiro já convive com uma taxa básica de juros proibitiva para o desenvolvimento econômico, que aumenta o custo de vida, o endividamento das famílias, das empresas e os gastos do governo federal. Gabriel Galípolo, atual presidente do BC, e os demais membros do Copom, não foram indicados para manter os interesses do mercado financeiro, mas sim os interesses da população”, criticou a vice-presidente da entidade, Juvandia Moreira.

A Força Sindical classificou de “irresponsabilidade social” a elevação da Selic. Segundo a entidade, a decisão trava a economia e aumenta o custo do dinheiro para as famílias e as empresas.

 

*Com informações da Agência Brasil.

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